Musical “O Caminho dos Mascates” apresenta temporada no mês das crianças em Salvador
O Coletivo DUO apresenta temporada especial do musical infantojuvenil O Caminho dos Mascates no mês das crianças, em Salvador. Escrito pelo dramaturgo e poeta Denisson Palumbo, o espetáculo é permeado de referências coletivas do Nordeste, de um povo imaginário que em trânsito construiu um Brasil. As apresentações acontecem às sextas e sábados, até o dia 28 de outubro, sempre às 19h, na Arena SESC SENAC Pelourinho. Os ingressos custam R$30 (inteira) e R$15 (meia-entrada) e estão à venda no Sympla e na bilheteria do teatro.
Em O Caminho dos Mascates o Nordeste se fez e se reinventa. É dessa necessidade de recriar-se e reerguer-se, que Palumbo cria os Unidos Estados do Nordeste (UENE), pedaço de terra sertaneja cercado de Brasil por todos os lados, separados por uma muralha ficcional, uma ilusão que oprime. Com direção cênica de Elisa Mendes, o espetáculo musical aborda como muralhas são fronteiras que limitam movimentos, signos de segregação, trânsitos de memórias. No fluxo de ser e estar nesses territórios estão os mascates, que carregam em suas malas ausências, histórias e desejos. Vividos pelos atores Israel Barretto, Marcos Lopes e Saulus Castro, esses viajantes por profissão questionam suas vivências e produzem repentes a partir de dúvidas territoriais.
Palumbo traz para sua embolada musical e dramatúrgica um plebiscito que questiona ao povo se ele deseja a derrubada dessa muralha repleta de ilusões – geográficas e racionalistas, se os nós fronteiriços devem ser desatados, demolidos. O autor conta que o texto foi escrito entre março e junho de 2020, quando a Covid-19 torna-se pandemia no Brasil, e tem como referência Os Sertões, de Euclides da Cunha. O caminho dos Mascates interroga o que seria a identidade cultural contemporânea de uma nova “nordestinidade”.
Nesta linha de raciocínio, Elisa Mendes diz que O Caminho dos Mascates discute sobre identidade, território e poder, e nos leva a pensar, “os Brasis que temos, a discutirmos sobre as muralhas que nos afastam, que nos segregam”, sendo a muralha “a própria lida, os impedimentos constantes para que a nossa sociedade avance”.
Música e dramaturgia se misturam no espetáculo, com falas ritmadas que dão vidas às personagens. Com direção musical de Saulus Castro, ator que dá vida ao mascate Antônio Massangano, a musicalidade traz a pluralidade dos Nordestes. Baiões, Bois, Aboios, Sambas de roda, Maracatus, Cavalos Marinho, Frevos, Emboladas, Carimbós, Xotes, Xaxados, Serestas e tantas outras sonoridades do Brasil-Profundo.
Para reafirmar a poética nordestina, o cenário, figurinos e acessórios de cena são compostos de fragmentos terrosos de tecidos em algodão, couro e malhas, madeiras, metais e plástico. Retalhos que compõem uma visualidade que nos leva a um Nordeste distópico e em construção. Retalhos relevos e topográficos que criam uma cartografia do que pode vir a ser solo e povo nordestino. Guilherme Hunder assina a direção de arte.
Serviço
O quê: espetáculo musical O Caminho dos Mascates com Coletivo DUO
Quando: sextas e sábados, até 28 de outubro, sempre às 19h
Onde: Arena SESC SENAC Pelourinho (Largo do Pelourinho, nº 19, Pelourinho, Salvador – BA)
Quanto: os ingressos custam R$30 (inteira) e R$15 (meia-entrada) e estão à venda no Sympla e na bilheteria do teatro