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Séries americanas que marcaram minha vida

Anos incríveis

The Wonder Years ou Anos Incríveis, foi uma série norte-americana criado por Carol Black e Neal Marlens, que misturava drama e comédia. O seriado exibido originalmente pela rede ABC entre março de 1988 a maio de 1993, teve 115 episódios, em 6 temporadas. O seriado mostrava acontecimentos ocorridos entre 1968 a 1973, sob a visão de um garoto chamado Kevin Arnold (Fred Savage), que entrava em sua fase de adolescência ao lado do seu melhor amigo Paul Pfeiffer (Josh Saviano) e da garota Winnie Cooper (Danica McKellar), sua primeira namorada.

Elenco
Kevin Arnold – Fred Savage
Paul Pfeiffer – Josh Saviano
Winnie Cooper – Danica McKellar
Wayne Arnold – Jason Hervey
Karen Arnold – Olivia d’Abo
Norma Arnold – Alley Mills
Jack Arnold – Dan Lauria
Abertura Original


Episódio final

Barrados no Baile – Beverly Hills 90210

A série tem início quando uma família de classe média formado pelo casal Jim (James Eckhouse) e Cindy Walsh (Carol Potter) e os seus dois filhos adolescentes Brandon (Jason Priestley) e Brenda Walsh (Shannen Doherty), saem da cidade de Minessota e mudam-se para a glamurosa Beverly Hills, na Califórnia e tem que se acostumar com o novo padrão de vida. Brandon e Brenda vão estudar na West Beverly High School e logo fazem amizade com outros colegas da escola, como Dylan (Luke Perry), David (Brian Austin Green), Kelly (Jennie Garth), Donna (Tori Spelling), Andrea (Gabrielle Carteris) e Steve (Ian Ziering). E a rotina de Brandon, Brenda e seus amigos de colégio procurando divertimentos e namoros descompromissados, os encontros na lanchonete Peach Pit ou na danceteria After Dark, o local favorito do grupo, suas crises existenciais e auto-afirmação própria dos jovens adolescentes que a série aborda.

Abertura


Murphy Brown

Murphy Brown era uma comédia de situação (sitcom) da rede de televisão norte-americana CBS, criada por Diane English e exibida entre novembro de 1988 a maio de 1998. Foram 10 temporadas, num total de 247 episódios. No Brasil esta série foi apresentada pela Rede Record por pouco tempo, no final da década de 1990, depois voltou a ser exibida pelo canal por assinatura da Sony.

A série era protagonizada por Candice Bergen no papel da controvertida Murphy Brown, uma jornalista investigativa e âncora do noticiário da FYI, um telejornal fictício. No elenco original incluíam o âncora Jim Dial (Charles Kimbrough), um veterano profissional, ganhador de vários prêmios; o repórter investigativo Frank Fontana (Joe Regalbuto), audacioso, o melhor amigo de Murphy, e chegado em sensações perigosas; a distraída Corky Sherwood (Faith Ford), uma ex-miss América, agora jornalista, mas que foi contratada mais pelos seus dotes físicos e olhar atraente do que propriamente por sua capacidade jornalística e o estressado produtor Miles Silverberg (Gran Shaud).

The Nanny

Muito antes da super babá do SBT ajudar famílias a educarem seus filhos, essa Nanny já aprontava as maiotes confusões. The Nanny, foi uma série apresentada originalmente nos Estados Unidos, pela rede CBS, de novembro de 1993 a junho de 1999, num total de 146 episódios.

O seriado tem inicio quando o viúvo e famoso produtor da Brodway Maxwell Sheffeld (Charles Shaughnessy), resolve contratar uma babá para três filhos. O mordomo Niles (Daniel Davis), confundi a vendedora de cosméticos Fran Fine (Fran Drescher) como uma das canditadas. Uma mulher inteligente, de boa aparência, mas com uma terrível voz anasalada. Essa é a atrapalhada Nanny.

O sitcom foi criado e produzido pela própria Drescher e pelo seu marido Peter Marc Jacobson, com músicas de Ann Hampton Callaway e indicado para vários prêmios importantes.

MacGyver – Missão Perigo

MacGyver era uma série de aventuras, produzida em parceira Canadá/Estados Unidos, criado por Lee David Zlotoff e tendo como produtor executivo Henry Winkler e John Rich, filmada inicialmente em Vancouver, no Canadá. Os 139 episódios da série foi apresentados originalmente pela rede ABC, entre setembro de 1985 a maio de 1992. Protagonizado por Richard Dean Anderson como MacGyver, um curioso personagem a serviço da Fundação Fênix, na luta do bem contra o mal, usando somente sua inteligência. A fama de MacGyver vinha de sua habilidade para improvisar qualquer artifício utilizando elementos simples e variados, como clipes, pneus, solventes, etc., além de seu inseparável canivete Victorinox, multiuso do exército suíço.

Abertura

Fonte: Site TV Sinopse 
Broncas do Rafa – Tem que ter

Frase na traseira de um veículo kombi – “é velho, mas está pago e não foi financiado” – , me fez refletir sobre a ditadura de ter que estar motorizado. Uma vez minha mãe me perguntou como seria o tratamento das pessoas no trabalho e na faculdade se eu tivesse um carro?

Nesses meus devaneios catando peças aqui e acolá, juntando frases, músicas, sonhos, insight, etc…comecei a refletir sobre essa ditadura do “tem que ter”. Segundo meu professor de Língua Portuguesa João Edson, passamos por uma fase de “tem quer ser”, outra do “tem que ter” e agora estaríamos vivendo a fase do “perecer ter”. Será que se eu tivesse olhos azuis ou verde, fosse mais alto, malhado, tivesse saldo no banco, carro do ano, morasse na Barra, Graça, Vitória ou Horto Florestal teria tratamento diferente do que eu tenho hoje?

Alex Góes crítica esse monopólio na letra de sua música “Sou como sou”, e nos afirma que: “Olho pela janela e não é o que vejo não / Seria muito mal se fosse essa a situação / Chega de preconceito e viva a união / De toda raça, toda cor, sexo e religião / Quer saber? Sou como sou / Não quero me encaixar em qualquer padrão / Pode crer, sou como sou / Não preciso ser galã de televisão“.

Estamos vivendo realmente a ditadura dos galãs globais? As meninas tem de ter um corpo igual ao Gisele Bünchen. Se não der para ter o corpo, podem se contentam com a sandália que ela anuncia nos outdoors, fazer o quê? Você, o que acha dessa polêmica toda? Você concorda com esses “padrões” facilmente difundido e cada vez mais impregnado em nossa sociedade contemporânea, criados pela mídia? Devemos seguí-los?

Você namoraria uma pessoa que possuísse alguma deficiência física? Um gari ou vendedor ambulante? Alguém que não tenha o mesmo nível econômico ou cultural que o seu? Ou teclaria em uma sala de bate papo ou MIRC com uma pessoa que mora no subúrbio? Ou que se chama “João” ou “Hermenegildo”? E Romilda?

O mundo em nossas mãos

Estou me sentindo tão sozinho. Mesmo cercado pelos amigos, por colegas de faculdade e de trabalho. Mesmo sabendo que existem pessoas que me acham interessante, mesmo sendo paquerado. Me falta algo mais! Estou mais exigente, não quero só alguém com quem ter momentos de prazer. Quero construir uma vida em comum, viver como diz a música do Jota Quest um “amor maior”.

Hoje (26) no ônibus, voltando para casa depois de mais uma manhã de aula na faculdade, vi um homem com uma criança de mais ou menos um ano e meio. Parecia-me ser pai e filho. Fiquei sentado alguns bancos atrás deles, pensando em Chistopher ou Chrystian Gabriel. Meu lado paternal me fez pensar em como seria bom ter um filho.

Ter alguém que dependesse de mim. Alguém que fosse meu companheiro para todas as horas. Cuidar de mim, em minha velhice, assim como minha mãe fez com meus avós. Uma pessoinha que ao chegar cansado do trabalho corresse para meus braços e me desse um abraço apertado chamando-me de “papai”. Acho que um dos momentos mais emocionantes da minha vida será quando Chistopher ou Chrystian Gabriel, falar: “pai, vem brincar comigo!”.

Estou direcionado a, assim que terminar a faculdade, ter um filho. Ter uma criança sob minha responsabilidade. Sei que a tarefa que estou me dispondo não é nada fácil. Pelo contrario, sei o quanto é ardo o trabalho que meus pais tem para criar eu e meus dois irmãos. Mas, me acho preparado para assumir essa responsabilidade. Leio tudo sobre psicologia infantil, vejo todas as entrevistas e matérias sobre como cuidar de crianças, desde os primeiros dias até os momentos de aflição quando eles ganham as ruas com sua “turma”.

De teoria tiro nota 10. Já dei vários conselhos a amigos que estavam se separando e queriam manter um bom relacionamento com seus filhos. Os aconselhava para fazer as coisas mais normais, tipo ir levar ou buscar a criança na escola. Para que não se tornassem aqueles “pais de fim de semana”. Aquele tipo de pai que só vêem o filho no sábado ou domingo, quando leva o garoto (a) para o parque, circo, cinema, zoológico ou para festinhas infantis.

Novamente no ônibus, agora no dia 27 de novembro, vi um pai com sua filhinha sentados a minha frente. Ele abria um bombom de chocolate que ela saboreou com muita alegria. A criança apontou o papel do bombom para a janela e o pai o segurou. Aplaudi no meu íntimo aquela atitude, achando que ali sairia a primeira lição de cidadania daquela menininha. Mas qual não foi a minha surpresa quando o pai da garotinha jogou o papel do bombom pela janela, mirando-o de modo que ele se desvencilhasse do coletivo e pudesse voar livremente até cair no bueiro mais próximo, contribuindo assim, para os alagamentos que tanto acomete as avenidas de vale de Salvador.

Quero poder passar para meu filho valores morais e éticos, que o torne um bom cidadão, cumpridor de seus deveres e consciente de seus direitos.

Foi o que falei para Olavo uma vez, quando estávamos na fila do caixa nas lojas Americanas e ele me mostrou o preço de um novo vídeo game. Disse-lhe que nunca daria um jogo daqueles para meu filho. Olavo me disse que Christopher ou Chrystianteria um pai carreta. Não é caretice não. É preocupação com a exaltação da violência por par da mídia. Quero que meu filho veja desenhos ingênuos como eu vi em minha infância.

Por enquanto, vou tentando me dedicar a faculdade e ao trabalho para poder concretizar mais esse sonho após minha formaura.

"Põe sua mão protetora em minha cabeça e me faz dormir"
“Põe sua mão protetora em minha cabeça e me faz dormir”

Pode parecer ironia do destino, mas no intervalo de 21 dias tive de voltar, anteontem (dia 19), ao Cemitério do Campo Santo, em  Salvador. Desta vez para sepultar minha avó. Todos sabiam que seu estado era delicado, mas sua lucidez e força de vontade de ir logo para casa, nos enchia de esperanças em sua plena recuperação.

Na terça-feira (dia 18), ao receber na UCI (Unidade de Cuidados Intensivos) a visita de meu irmão, minha avó perguntou-lhe: “Vou voltar para casa?”. O que prontamente respondeu meu irmão: “Claro vó! E só a senhora melhorar dessa febre, que eu venho buscar a senhora!”. Dias anteriores ela estava agitada, não queria que ninguém a tocasse e não queria que ninguém a visse. Já na terça-feira, não! Estava calma, carinhosa como sempre foi. Não queria que minha mãe fosse embora e por quatro vezes, ao ver que minha mãe se despedia, minha vó segurava em sua mãe, apertando com toda a força que tinha em seu frágil e delicado corpinho, pedindo para que minha mãe ficasse li com ela.

É triste olhar para os lugares aqui em casa e sentir a falta de meus dois “velhinhos”. As tardes ficaram tão vazias sem eles. Está faltando minha avó para reclamar que a almofada estava esquentando sua perna, que queria pôr as pernas para baixo, para que Jacira (nossa secretária e anjo da guarda) não colocasse remédio em sua sopa e que não queria comer nada. Que estava sempre satisfeita. Está falta suas reclamações ranzinzas sobre “Carlota” e “Geninha”, que segundo ela, ficavam falando uma porção de besteiras em seu ouvido. Falta minha avó! Falta parte de nossas vidas.

Falta que minha mãe sente em dobro. Tento ser forte e consolá-la, mas não é fácil para mim perder a doçura que me restara na vida e ver o sofrimento de minha mãe e imaginar que algum dia estarei no seu lugar, sofrendo sua perda. Não quero nem imaginar o que será de mim neste fatídico dia. É duro ver minha mãe chorar e clamar para que minha vó ponha sua mão protetora em sua cabeça e a faça dormir.

Porque temos que perder quem amamos? Porque tenho que aprender a lidar com a perda tão cedo? Só tenho vinte anos e já tive que abrir mão de muita gente que amo! Meu primeiro grande amor, meu tiomeu amigo de infância, meu avô e agora minha avó.

No velório (dia 19/11), eu tocava a mãozinha de minha vó, já fria, roxiada e inerte. Mão que sempre foi fina e frágil. A mesma mãozinha, que ela usava para me enviar os tradicionais beijos, no inicio da tarde, ao passar por mim para ir tomar banho. Neste momento eu poderia esperar, porque vinha a sua bênção em forma de frase, que ecoa ainda em minha mente: “Deus lhe abençoe, Jornalista!“. Assim que ela me trata, por “Jornalista”.

Tenho que ensinar a minha mãe novamente a “VIVER”. Ela abdicou de sua carreia profissional para cuidar de mim e meus irmãos, da casa, de meu pai e nos últimos cinco anos de meus avós. Já não tinha mas vida social. Não se preocupava em comprar roupas para ela, fazer as unhas, o cabelo. Só pensava em nosso bem estar, em não deixar falar nada e da melhor forma cuidar de todos nós.

Mãe zelosa e filha dedicada, essas duas palavras que podem descrever a pessoa que ainda se sente culpada por não ter ficado ao lado de minha avó até os últimos instantes, mesmo que para isso precisasse contrariar a determinação do hospital, sobre as visitas a UCI. Até agora é fácil ouvir um soluçar aqui outro ali, de alguém a chorar piedosamente. Todos nós procuramos esconder nossa tristeza em nossos quartos escuros e no nosso intimo para não fragilizar o outro.

Algumas cenas ficarão na minha mente e na das pessoas que no velório se fizeram presente. O pior memento é o fechamento do caixão. A impressão que me dá é que estou abandonando a pessoa. O beijo que meu irmão me deu ao nos abraçarmos, vendo o túmulo ser fechado e minha mãe e eu debruçados ao caixão, tentado recitar a música “Você não me ensinou a te esquecer”. Só consegui lembrar do refrão: “Agora, que faço eu da vida sem você / Você não me ensinou a te esquecer / Você só me ensinou a te querer“.

"Você será sempre uma doce lembrança em nossas mentes e em meu coração"

Junte garganta inflamada, dor de cabeça ininterrupta há quatro dias, coloque um pouco de dor muscular nas pernas e na coluna e os braços sem firmeza. Não esqueça de adicionar um médico que resolve testar em você novos medicamentos, que fazem sua pressão baixar. Essa será a receita básica de como ter um péssimo dia. Não que eu deseje isso para alguém!

O resultado vai ser uma faringite aguda, mais uma crise de sinusite ou como o meu médico me disse, mas provavelmente “um quadro de estresse emocional”. Esse pode ser o resumo dos meus dias desde a última terça-feira (dia 28/10). Como isso tudo é muito pouco para mim, na sexta-feira (31/10) – após 55 dias em como, meu avô faleceu, aos 82 anos.

Quando minha avó teve sua 22ª queda e fraturou uma vértebra, sua depressão se agravou, pelo fato de ter que ficar seis meses imobilizada, usando um colete ortopédico. Minha mãe ficava indo e voltando da casa de meus avôs. Nesse tempo, meu avô ajudava minha mãe e Jacira (um anjo que trabalhava para eles e agora aqui, em casa) a cuidar de minha avó. Essa ajuda não demorou muito, pois ele teve um derrame.

Minha mãe durante nove meses ficou dormindo na casa de meus avós de segunda a sábado. Só tinha oportunidade de estar com ela algumas horas aos domingos. Minha irmã ficava com mãe e minha tia paterna era quem cuidava da alimentação meu irmão, minha e meu pai. Três homens se sentindo órfãos de uma mulher. Na verdade, de uma super mulher. Uma grande heroína e guerreira em todas essas batalhas.

Minha mãe pode ter derramado lágrimas em algumas situações que a vida lhe fez chorar, mas nunca se sentiu derrotada e é essa sua força, que me impulsiona a crer que uma coisa boa está reservado para nós neste mundo. Tanto sofrimento não pode ser em vão.

A grande família

Sofrendo com a nossa ausência e vendo em nossos olhos e semblantes a dor de não a ter em nosso convívio diária, minha mãe resolveu alugar uma casa na mesma rua em que nós moramos. Em agosto de 1999, sai da casa de meus pais e fui morar com meus avôs nessa casa, que ficava duas casas após a nossa. Lá eu tinha um quarto só para mim. Tinha uma rotina, bem tranquila. Chegava da escola, tomava banho e almoça. Respondia as perguntas de meu avô. Ele sempre fazia as mesmas com aquele sorriso doce. Lia algum livro ou dormia.

Aproveita enquanto minha avó cochilava no sofá e meu avó descansava do almoço (sua tradicional sopa de verduras batidas no liquidificado), fazendo um intervalo para o lanche às 15h30, onde comia seus três pães de leite frescos com fatias de queijo, acompanhado de um copo de limada. Meu avô era simples e metódico. Gostava de suas coisas no lugar, da casa sempre limpa e de fazer suas refeições impreterivelmente nos horários por ele acordados.

Nesses nove meses em que morei com os dois, pude conhecê-los melhor, já que só nos encontrávamos nas festas em família e nos almoços de domingo. Como era dispendioso manter duas casas no final de março de 2000, minha resolveu fazer um verdadeiro remanejamento em nossa casa e voltamos a morar todos juntos ou quase todos, já que meu pai não aceitava que meus avôs maternos viessem a morar conosco. Esse foi o motivo que o fez passar a morar na casa de baixo, com sua irmã, minha tia Iolanda.

Apesar de não morarem juntos, meus pais não estão separados. Eles mesmos não concebem assim e o carinho e a preocupação com o bem estar que os dois devotam um pelo outro, faz crer que não. Até o ciúme que meu pai sente me diz que o amor entre eles não acabou. Então ficamos assim, meu irmão ficou com o quarto menor – que era de minha irmã -, ela foi dormir com minha mãe, meus avôs ficaram instalados no meu antigo quarto e eu no sofá-cama, na sala.

23ª queda

Nós seguimos nossas vidas como Deus nos permitia, até que minha avó caiu (nossa já tinha perdido a conta, mas acho que foi a 23° vez em toda sua vida). Resultado do acidente foi uma fratura no colo do fêmur. Semanas de internamentos e uma cirurgia para colocação de platina bem sucedida e ela volta para nossa casa. Novo susto. Agora com meu avô, no sábado de Carnaval de 2003. Ele teve sua primeira isquemia. Jacira e minha mãe que estavam com ele na hora disseram que o viram quase morto.

Os médicos detectaram que o cérebro dele já se encontrava em grau de regressão. Já havia células mortas no cérebro, o que causaria certa demência e esquecimento de nomes, pessoas e fatos atuais. Meu avô começou daí em diante trocar o dia pela noite e a ter problemas de locomoção. Para dar banho era preciso que eu e Jacira o carregássemos até a cadeira de rodas para conduzi-lo até o banheiro. Lá, eu carregava a cadeira para ultrapassar o batente do boxe.

Nas últimas semanas em casa era frequente, quando devolvíamos meu avô para cama, que ele tivesse mais uma isquemia e ficasse desacordado alguns minutos. Eram momentos de desespero para minha mãe, mesmo já tendo sido alertada por todos os médicos para que se preparasse para o pior.

Minha mãe mesmo sabendo que se meu avô não saísse do coma 48 horas após a cirurgia que removeu o coagulo de sangue que as isquemias causaram em seu cérebro, não teria mais chances de sobreviver, ainda acreditava em um milagre. Anteontem (31/10) foi um dia difícil para ela. Primeiro, me levou ao médico. Ao me deixar em casa, já saiu apressada para o hospital, onde minha avó, também, está internada.

Premonição?

Ao voltar para casa minha mãe encontra minhas tias Iolanda e Tânia (viúva de meu tio, que faleceu há dois meses) e Jacira me cercando, pois quando acordei, por volta das 13h para almoçar, comecei a me sentir mal novamente. Dessa vez queda de pressão. Minha mãe ficou desesperada e eu abraçado a ela só conseguia chorar pensando em tudo que estamos vivendo.

Melhorei e minha mãe acompanhada de minhas tias Tânia e Ana (irmã de minha mãe) foram novamente ver minha avó à tarde. Minha tia Iolanda ficou preparando uns banhos de folhas para eu tomar, já que crê na força da cultura africana, apesar de não ser frequentadora de terreiros de candomblé. Tomei o banho e acredito em tudo aquilo que é feito para o bem. Sou médium e ela me disse que deve ter sido algo que captei no hospital. Perguntou-me se fui ver meu avô internado. Respondi-lhe que não, só minha avó.

No final da tarde, Jacira estava com medo de ir embora. Meu irmão chegou e disse-me que estava quente. Chamou minha tia e perguntou-lhe se ela tinha um termômetro. Minha mãe havia acabado de chegar do hospital onde meu avô estava internado e viu que eu não tinha febre, mas como a cabeça há cinco dias não parava de doer foi à farmácia pegar o remédio que havia encomendado. Um novo tipo de Tylenol.

Adeus

Com medo de me deixar sozinho, chamou minha tia para ficar comigo. O telefone tocou. Pedi para que ela atendesse, já que quando me levantava ainda sentia-me tonto. Era do hospital onde meu avô estava internado, pedindo para que minha mãe comparecesse com os documentos dele, pois ele havia piorado. Minha tia, como é enfermeira aposentada perguntou logo para a telefonista do hospital se ele já havia falecido. A moça não quis dizer.

Liguei para o celular de meu irmão e pedi para que ele, de uma forma sutil, desse o recado a minha mãe. Eles foram tomar as providências. A chave da gaveta, onde estava os documentos de meus avós emperrou e não conseguíamos abri-la para pegar a certidão de casamento e sua identidade (únicos documentos que meu avó havia guardado).

Conseguíamos abri a bendita gaveta e na hora de ver a roupa estava faltando à calça do terno. Fui com minha tia procurar no guarda-roupa uma calça que combinasse com o terno. Agora faltava a meia, que minha tia achou na embalagem do terno. Pronto era só aguardar o rapaz da funerária. Hora cruel, escolher o caixão. O cemitério, já havia sido acordado com a família, que seria o mesmo onde meu tio havia sido sepultado.

Ai vem à pior parte pagar para morrer. R$ 730,00 para ter por três anos uma gaveta no cemitério Campo Santa, em Salvador. Urna funerária escolhida (um nome mais simpático para o caixão), cemitério, flores, preço acertado, tudo OK! Agora só faltava decidir onde deixar o corpo até o horário do sepultamento (11h), já que não haveria velório, pelo menos, não à noite. Tínhamos duas opções ou no próprio cemitério, na sala onde seria velado pela manhã ou no hospital onde ficou 55 dias internado. Escolhemos pela primeira opção.

Fiquei incumbido de avisar aos familiares. Como todos já sabiam do estado de saúde de meu avô, então aceitaram com certa “naturalidade”. Quando meu irmão chegou trazendo minha mãe, ela nos relatou o seu dialogo de despedida com meu avô. “Meu pai, eu cuidei do senhor esses anos todos e a última coisa que possa fazer pelo senhor agora é te vestir”.

Foi uma noite mal dormida a de quinta para sexta, pois coisas estranhas aconteceram lá, em casa. Primeiro foi minha irmã que acordou todos ao derrubar um franco congelado da geladeira, ao tentar comer uma lata de cajuzinhos. Depois foi a bolsa de minha mãe caiu do móvel sem que ninguém tenha mexido nela. Somente eu estava na sala no momento. Novamente todos acordaram assustados.

Sexta pela manhã estavam no cemitério para dar o último adeus a meu avó os parentes e nossos amigos mais próximos, pois ele própria não tinha muitos amigos. Voltamos para casa lembrando o nosso “Djalmaaaa!!!”. Era esse o amigo que meu avô chamava a noite quando não dormia e não deixava ninguém dormir. Nos últimos dias em casa, chegava a olhar meu irmão e sorrindo chamá-lo de “Djalma”.

Saudades do seu olhar doce e de sua preocupação com o meu bem estar. Sempre perguntava a Jacira se eu já havia chegado, se já tinha almoçado e quando estava com crise de renite dizia-me “eh…é hoje tá atacado”. Saia falando para Jacira “ele fica tomando banho frio. Passe só o pano no quarto dele”. Se referindo a não colocar nenhum detergente com perfume. Fito a cadeira de balanço lembro-me dele sentado nela durante a tarde. Quando eu o olhava, ele abaixava a vista como se estivesse com vergonha. Guardarei comigo somente esses momentos de doçura e carinho.

Agora a preocupação voltasse toda da minha vózinha, que esta com uma infecção pulmonar e segundo os médicos seu estado é grave, porque a bactéria tem se mostrado resistente ao tratamento. Mas, para o meu Deus – que tudo pode -, curar minha avó e trazê-la novamente ao nosso convívio será possível. Ao meu querido avô Adroaldo Ramos Veloso, que descanse em Paz e que seu novo caminho seja guiado pela luz divida de todos os anjos e santos. Amém!

Vitor Hugo: "O riso é o Sol que afugenta o inverno do rosto humano"

Quando chego cedo ao trabalho, fico sentado na balaustrada do estacionamento, em baixo do Sol escaldante. Os colegas de trabalho me perguntam qual foi o castigo que estou pagando. A resposta é simples: para mim o SOL representa VIDA. Nesses tempos em que estou tão cercado de coisas negativas, quero receber os bons fluidos que o nosso Astro Rei pode proporcionar-me.

Acho que o meu trauma com a chuva começou depois de ter visto, quando pequeno, aquelas enchentes e catástrofes que aconteceram no subúrbio de Salvador. A chuva me remete a algo melancólico, depressivo. Me faz mal quando o dia esta chuvoso. Tem gente que adora chuva. Dança e tudo em baixo dela, como disse uma vez o Bóris Casoy em uma entrevista. Realizem o vovô Bóris de short e camiseta regata tomando banho de chuva no jardim de sua mansão.

Chuva só é bom para mim em cena de filmes americanos. Uma lareira, um chocolate quente e uma bela mulher para amar. Lembrei-me de várias cenas de filmes assim e também do filme Como água para chocolate.

"Deus lhe abençoe, Jornalista!"

Chequei do trabalho na quarta-feira e vi que minha tia (que mora na casa de baixo) estava lá em casa. Logo pensei. “Ops! Algo de errado está acontecendo”. Minha avó estava mole. Respirava pela boca, como se estivesse dormindo com os olhos abertos. Achávamos que ela tinha tido uma isquemia. É a falta de oxigenação no cérebro. Parada dos movimentos por alguns minutos ou algumas horas. Acontece com mais freqüência em pessoas idosas.

Minha mãe, que acabara de chegar do hospital onde me avó está internado em coma, estava dando o mingau de minha avó, quando tudo aconteceu. O serviço médico domiciliar foi chamada e o primeiro carro chegou rapidamente. A médica examinou minha vó e ficou em dúvida se o caso dela se tratava de um princípio de derrame ou a isquemia.

Ela já estava consciente, ou pelo menos a sua consciência normal (minha vó já tem esclerose. Fala muitas bobagens, mas ainda lembra os nomes das pessoas que convivem com ela). O médico do segundo carro – esse já uma ambulância para remoção -, repetiu os exames que a primeira médica (pulso, batimentos cardíacos, glicemia, pressão, temperatura, globo ocular). Estava tudo normal. Perguntou sobre a medicação que ela tomava. Minha mãe listou os vários remédios anti-depressivos e para dormir que minha avó toma.

O doutor, vendo que poderia ser pelo excesso de medicamentos e também a falta que meu avô está causando nela, disse-nos que deixassem em observação lá em casa mesmo. Até porque se fosse um quadro de isquemia temporário, deveria melhorar. Mas isso não aconteceu. Minha vó movia os membros, soltava o seu tradicional beijo ao ir amparada por minha mãe e pela secretária para o banho, mas estava faltando algo. A sua tradicional bênção: “Deus lhe abençoe, Jornalista!”. Assim que ela me trata, por “Jornalista”.

Ao voltar do trabalho ontem, por volta das 21h30, meu pai (um idoso também de 67 anos), me disse que minha mãe estava desde o final da tarde tentando uma vaga para minha avó no hospital particular perto lá, de casa. Fiquei com minha irmã mais velha em casa. Minha tia-avó (irmã de meu avó) ligou para saber notícias, mas até aquele momento nós não sabíamos de nada. Fui dormir e só vi minha mãe hoje pela manhã, antes de ir para a faculdade. Ela chegou em casa as duas da manhã trazida por meu irmão. Minha avó depois de uma bateria de exames (todos com resultados satisfatórios) ficou internada em observação na semi-UTI e deve ser repetido todos os exames hoje.

O mais emocionante – e quando minha mãe me contou hoje pela manhã, meus olhos encheram de lagrimas -, foi que minha avó ao ver meu irmão, levantou os bracinhos (finos), para que ele a carregasse e levasse-a de volta para casa.  Estou, rezando a Deus pela saúde de minha avó, já que meu avô foi desenganado pelos médicos. Não posso perder tantas pessoas que amo assim de uma só vez. Meu tio, meu amigo, meu avô (em coma) e agora minha avó.

Não posso permitir que minha mãe sofra com mais esse trauma. A vida não pode ser tão cruel conosco. Mas, mesmo vendo a pessoa que mais amo na vida sofrer, ainda tento encontrar forças para ajuda-la em tudo e me manter sereno nos momentos mais difíceis. E isso só esta sendo possível com o meu trabalho e a ajuda imprescindível dos meus amigos. Obrigado a todos!

“Jamais se desespere em meio às mais sombrias aflições da vida. Pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda”. (Provérbio Chinês)