Premiado escritor Franklin Carvalho lança novo romance

Eu, que não amo ninguém é o título do novo romance do premiado escritor e jornalista baiano Franklin Carvalho. A publicação apresenta o amor dos “100 Modelos de carta de amor”, o amor do romantismo tosco dos homens no seu cotidiano de brutalidade, o amor em um período especialmente conturbado da realidade nacional, os anos 1960, num dos pontos mais remotos do interior. O lançamento virtual será na próxima quinta-feira (dia 20), às 19h30, no canal do YouTube Acontece nos Livros. A publicação está em pré-venda, com 20% de desconto até o lançamento pelo site da Editora Reformatório.

Autor dos premiados Céus e terra (Romance, editora Record, 2016), e A ordem interior do mundo (editora 7 Letras, 2020), Franklin Carvalho enfoca em Eu, que não amo ninguém os vícios e as virtudes do sentimentalismo e da cordialidade brasileira. O livro narra a trajetória de João de Isidoro, homem sem eira nem beira que mora de favor no terreiro de um pai de santo no interior da Bahia.

João vê uma chance para mudar de vida quando é incumbido de levar até Francisco dos Anjos, dono de engenho na cidade do Penedo (AL), um feitiço para atrair mulheres. Na hora de entregar a encomenda, porém, ele trapaceia e repassa uma imitação, retendo o verdadeiro preparado atrativo, mas é obrigado a permanecer no engenho até que o dono das terras tenha algum sucesso no amor e comprove a eficácia da magia. Dias, meses, passam, e o convívio dos dois homens, de naturezas bem distintas, é a matéria principal do romance.

“Quando comecei a escrever, eu estava impressionado com o livro O castelo branco, de Orhan Pamuk, que fala de um mestre e um escravo na Turquia, que trocavam conhecimentos e segredos, até quase terem as suas identidades confundidas”, revela Franklin. “Quis explorar esses limites do duplo, do convívio. Mas também quis exercitar uma literatura que pudesse ser recitada, oralizada, como nas performances do escritor e ator italiano de Dario Fo, que eu lia e assistia em vídeo, admirando o seu teatro, sua gesticulação e entrega. Por isso o ‘Eu, que não amo ninguém’ é dedicado a Dario Fo”, conta.

Além dessas duas influências, a narrativa teve origem em visitas a Penedo (AL), considerada a “Ouro Preto do Nordeste” pelas suas igrejas históricas, e em pesquisas sobre a cidade, também contemplando elementos regionais e místicos, como o caboclo Jurupari, aliado de João de Isidoro. “Mas acredito que essa forma de narrar, de teatro e de circo, de rapsódia popular, é o grande motor da obra”, diz o autor. “Eu, que não amo ninguém é uma crônica dos equívocos que continuam acontecendo até hoje”, reflete Franklin.

O texto é, o tempo todo, carregado de um lirismo que os personagens dividem ao se expressarem abertamente. Nas cartas de amor, outra forma de diálogo, ressai também a expressão desatada: “Aqui o tempo se levanta todas as manhãs e se põe no fim da tarde. Nós o vemos novo, crescente, cheio e minguante e mais uma vez novo. O tempo chove, o tempo enche o São Francisco, o tempo escorre rio abaixo, o tempo carrega peixes, o tempo banha e alimenta os meninos. E há só o tempo, Jandira, o amante tem o mar inteiro de tempo pela frente. Por isso escrevo essa carta fantasma endereçada à gaveta da escrivaninha”.

Premiações

Franklin Carvalho é jornalista e autor dos livros de contos Câmara e Cadeia (2004) e O Encourado (2009). Em 2016, o seu romance Céus e Terra venceu o Prêmio Nacional de Literatura do Serviço Social do Comércio (Sesc), e em 2017, o Prêmio São Paulo de Literatura na categoria Autor Estreante com mais de 40 anos. O autor participou da comitiva brasileira na Primavera Literária Brasileira e no Salão do Livro de Paris, eventos realizados na capital francesa em 2016. Foi palestrante na Feira do Livro de Guadalajara (México – 2017) e na Festa Literária de Paraty 2018.

Em 2019, ganhou o Prêmio Nacional de Literatura da Academia de Letras da Bahia com o livro de contos A ordem interior do mundo. Em 2020, o Itaú Cultural escolheu seu conto Primeiro tu dentre os 12.982 trabalhos inscritos no edital de apoio à literatura Arte como Respiro, que teve como tema A Vida Pós-Pandemia. Tem contos publicados na Revista Gueto, na Ruído Manifesto e na Coleção Identidade, da Amazon.

Serviço:

O quê: Lançamento virtual do livro Eu, que não amo ninguém (Ed. Reformatório), de Franklin Carvalho

Quando: quinta-feira (dia 20), às 19h30

Onde: canal do YouTube Acontece nos Livros.