Ana Paula Bouzas substitui Wanderley Meira na direção artística do Balé Teatro Castro Alves

A atriz e bailarina baiana Ana Paula Bouzas vai assumir a direção artística do Balé Teatro Castro Alves (BTCA), corpo artístico estável do Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador. Artista com mais de 30 anos de carreira, Ana Paula já integrou o elenco da companhia oficial de dança da Bahia entre 1989 e 1990 e, no final do ano passado, assinou a coreografia do filme Abraço no Tempo. A artista substitui Wanderley Meira, que estava no cargo desde abril de 2019.

No período em que esteve a frente do BTCA, Meira deixa uma exitosa trajetória de realizações no corpo artístico do Teatro Castro Alves, mesmo enfrentando os desafios criativos impostos pela pandemia da Covid-19. “Foram dois anos em situações extremamente diferentes: em 2019 fizemos viagens pela Bahia, aqui no Brasil e fomos até a Colômbia; no ano seguinte, ficamos confina dos em casa. Nessas duas condições tão diferentes, o que pude perceber foi a força incrível de acontecimento que têm aqueles bailarinos, como eles se jogam, se arriscam, e encaram de frente as dificuldades para fazer o BTCA acontecer”, destaca Wanderley.

Ele ressalta, ainda, a experiência neste período a frente da direção do BTCA. “Como artista, aprendi ainda mais sobre disciplina, dedicação e resiliência e, sobretudo, como trabalhar nas diferenças individuais e nas adversidades comuns. Como gestor, é muito nítido perceber o quanto o BTCA pode ser um potencial imenso de política cultural para a dança em formação de público e, especialmente, em compartilhamento de experiências e mobilização do campo junto aos artistas independentes”. Wanderley Meira, que é produtor, diretor, ator e gestor cultural, acaba de ingressar em um mestrado em Educação, na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Faced/Ufba) e além de se dedicar aos estudos e pretende, é claro, voltar à cena como ator.

Nova gestora tem experiência em teatro, dança, cinema e televisão

Além de bailarina, atriz e coreógrafa, Ana Paula Bouzas atua também como diretora cênica, diretora de movimento e preparadora de elenco em teatro, dança, cinema e televisão. Tem licenciatura em Dança e pós-graduação em Preparação Corporal em Artes Cênicas pela Faculdade Angel Vianna (RJ). Desenvolve, como bailarina, pesquisa como artista solo, criando diversos trabalhos apresentados em eventos de dança e teatro no Brasil e em vários países.

Para Bouzas, é com emoção e responsabilidade que recebeu o convite para assumir a gestão do Balé Teatro Castro Alves. “Sinto com isso, antes de tudo, uma oportunidade de colaborar com o pensar agora sobre o território rico e profundo que é o BTCA, de histórias plurais, memórias tantas e sonhos diversos e resistentes. Atualizar essas conexões e contextualizá-las no momento presente, na Bahia de hoje, no Brasil de 2021 talvez seja uma das nossas tarefas”, afirma sobre o trabalho que pretende desenvolver à frente do Balé.  

Ana Paula Bouzas coleciona diversos prêmios, dentre eles o APTR, da Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro, de melhor atriz coadjuvante (2008) pelo espetáculo Dona Flor e seus dois maridos, o Prêmio Dança Tápias 2007 de melhor intérprete pelo solo Do lugar de onde estou já fui embora, e o Prêmio Copene 1999, atual Prêmio Braskem de Teatro, de melhor atriz em Idiotas que falam outra língua.

Ela assinou a preparação corporal, direção de movimento, coreografia e assistência de direção de vários projetos, como O frenético dancin’ days (Deborah Colker), Namíbia, não (Lázaro Ramos), Os Cafajestes (Fernando Guerreiro), entre outros. Dos espetáculos que participou como atriz em teatro, destacam-se Inferno e Carmen, de Cervantes (Fábio Espírito Santo), Arlequim, servidor de dois patrões (Luís Arthur Nunes), Cuida bem de mim (Luiz Marfuz), e Carne fraca (Fernando Guerreiro). 

Na televisão, Ana Paula atuou em novelas, especiais e minisséries da TV Globo, como Sob pressão, Malhação, Saramandaia, Cheias de charme, além do programa educativo Tecendo o saber (canais Globo e Futura). No cinema, participou dos longas Marighella (Wagner Moura), Urubus (Claudio Borrelli), Medida provisória (Lázaro Ramos), Pixinguinha (Denise Sarraceni), Dona Flor e seus dois maridos (Pedro Vasconcelos), Cilada.com (José Alvarenga), Histórias da Bahia e do documentário Legítima defesa (Susanna Lira).