Pesquisar por:
Ricardo Noblat faz palestra para estudantes de jornalismo

O jornalista Ricardo Noblat faz palestra nesta quarta-feira (19/03), às 10h, no auditório da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA), para os estudantes de jornalismo da instituição. A entrada é franca e mais informações podem ser adquiridas na própria Facom, na Rua Barão de Geremoabo, s/n, Ondina, em Salvador, ou pelos telefones: (71) 263-6174 e 263-6177.

Enade: Jornalismo da FIB é o melhor curso do Nordeste
Alunos de comunicação debatem a não obrigatoriedade do diploma

Foi realizada no dia 19 de fevereiro, às 19h, no auditório da Faculdade Integrada da Bahia (FIB), no bairro do Stiep, em Salvador, Aula Magna do curso de Comunicação Social. Com o tema “Diploma. Para Quê“, compuseram a mesa como palestrantes e debatedores a jornalista licenciada, Superintendente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia (Sinjorba), assessora de imprensa da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do Sindifarma, Kardé Mourão; o jornalista e atual deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT-BA), Emiliano José; o jornalista e professor da FIB, César Augusto Oliveira; e o proprietário da agencia publicitária Dica, Arnaldo Paranhos.

Com quase uma hora de atraso, o debate se prolongou até às 21h30, sendo encerrado com as respostas dos questionamentos feitos por alguns dos 180 estudantes de Publicidade e Propaganda e Jornalismo de vários semestres da faculdade, que ali se encontravam. A palestra que gerou maior repercussão foi a da diretora do Sinjorba, tendo seu ponto máximo quando a jornalista Kardé Mourão traçou um perfil do profissional de imprensa na Bahia.

“O mercado de trabalho no estado é muito ruim. A maioria dos jornalistas tem que escolher entre comprar seu carro ou sua casa própria. Na categoria tem alcoólatras, usuários de drogas e estressados. O salário médio no jornal A Tarde é de R$ 1.200,00. O piso na Tribuna da Bahia é de R$ 500,00″, afirmou.

A sindicalista formada em jornalismo há 21 anos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), concluiu para uma plateia surpresa com a situação e o desrespeito com o profissional de comunicação na Bahia afirmando que “acabou o jornalismo romântico. O profissional tem de investir em se informar cada vez mais. A liberdade de imprensa é só da empresa. O jornalista é um funcionário assalariado”. O professor César Oliveira, carinhosamente chamado por seus alunos de “Cesinha”, aproveitou o texto do publicitário Luciano Lima Júnior, para traçar o perfil dos cliente de uma agencia publicitária.

Já o deputado estadual Emiliano José, que emocionou-se ao falar que a atual coordenadora do Curso de Jornalismo Tattiane Teixeira foi sua aluna alguns anos atras, mencionou o livro A Regra do Jogo, de autoria de Cláudio Abraão, afirmando que para ser um bom jornalista “é preciso chegar, saber ouvir, procurar, ouvir outras fontes”. E fez questão de frisar que “o jornalismo lida com a essência do poder”.

O proprietário da Agencia Dica Arnaldo Paranhos, formado em Economia pela Universidade Católica do Salvador e trabalhando com publicidade há 11 anos, fez um panorama do atual mercado publicitário na Bahia e ressaltou a importância dos estudantes se tornarem empreendedores e com criatividade criarem suas próprias agencia, dando como exemplo a fundação da Dica.

Broncas do Rafa – O Jornalismo do futuro

Falar em jornalismo do futuro é sem sombra de dúvidas falar de uma nova geração de jornalistas que estão saindo dos bancos das faculdades e sendo lançados aos leões no mercado de trabalho, mais do que nunca competitivo e que mantém ao passar do tempo, uma certa dose de conservadorismo, apesar dos inúmeros avanços tecnológicos, cada vez mais constantes, principalmente com a invasão dos computadores nas tradicionais redações.

E foi a informatização das redações que acabou criando novas funções. Essa importante ferramenta, revolucionou o jornalismo nos anos 90. Dezenas de profissionais tarimbados das grandes redes de televisão e dos principais jornais de circulação nacional migraram para o jornalismo digital. Figuras conhecidas como Lillian White Fibe e Paulo Henrique Amorim, engrossam a listas dos profissionais que, se não migraram de vez, estão em vias de trocarem seus veículos de comunicação tradicionais pela Internet.

Mas não foi só a forma de comunicação que mudou com informatização, houve uma sensível mudança na linha editorial das grandes empresas jornalísticas. Os jornais se tornaram mais leves, com textos mais claros e objetivos, priorizando o mínimo de palavras para o máximo de compreensão. Lançando mão de ilustrações mais explicativas e a utilização de gráficos. Houve uma redução no tamanho das publicações em alguns centímetros, além da criação de canais de TV brasileiras por assinatura específicos de notícias durante 24 horas por dia, como a Globo News e o Band News.

Mas infelizmente, mesmo com tantos avanços tecnológicos e com a criação dessas novas mídias, as redações cada vez mais vazias, só fazem deixar claro que o espaço para os jornalistas continua pequeno e principalmente para os recém – formados. Esses, normalmente, tratados como escravos. Acredite se puder, tem estudante de Jornalismo, aqui na Bahia, estagiando para ganhar 75% do salário mínimo. Isso sem falar na jornada de trabalho que muitas vezes ultrapassa as cinco horas estabelecidas por lei.

Essa nova geração, onde me incluo, é que tem que mudar essa visão do mercado de trabalho, de que estudante de comunicação não tem que ter um salário no mínimo digno. Devemos exigir melhores condições de trabalho, liberdade de expressão e não sermos apenas instrumentos de políticos e empresários gananciosos que não querem distinguir um profissional de um equipamento tecnológico de sua propriedade.

Caderno Dez! - Jornal A Tarde 20/02/2003
A sobrinha-neta querida

Por Rafael Veloso*

Foi um período difícil para a família de Astolfo Albuquerque, proprietário da mais antiga fabrica de cortinas da Bahia. Pai pouco dedicado, “Seu Astolfo”, como era conhecido só pensava em ganhar cada vez mais dinheiro. Aliás, esse era o seu único prazer na vida. Nem o casamento de 53 anos com D. Amália, nem o nascimento de seus cinco filhos – três homens e duas mulheres, nem mesmo o nascimento de seu primeiro bisneto, foram mais importante do que a conquista de sua fortuna.

Seu Astolfo, se encontrava internado há 15 dias, no melhor hospital da cidade. Mas nem os melhores médicos e os tratamentos mais modernos adiantaram contra a ferocidade do câncer de próstata, que o vitimou. Um ano e meio lutando contra a doença e no sábado, em pleno carnaval, o velho resolve morrer. No velório concorrido, muitos empresários, políticos, funcionários e familiares prestando a última homenagem.

As filhas e a viúva enxugavam, com seus lenços franceses, as poucas lágrimas encobertas pelos óculos escuros. Diziam as más línguas que elas estavam tranquilas e inabaláveis, como se nem sentisse a morte do patriarca da família. Eis que adentra a sala onde estava sendo realizado o velório, a sobrinha-neta de Astolfo. Ciente da riqueza de seu tio-avó, a quem só vira uma única vez, como um furacão, começa sua dramatização. Aos prantos se atira sobre o caixão de alças banhadas à ouro.

– Oh vida cruel! Oh Deus, que castigo! Meu titio querido, tão novo – sendo interrompida por um dos filhos do defunto, que curioso para saber de quem se travará aquela figura, trajando um vestido longo prata brilhante e um arranjo de cabelo em forma de pavão, como se estivesse pronta para algum baile de carnaval, disse:

– Ele completaria 88 anos. Ela desconsertada, respondeu dizendo “que para Deus todos nós somos apenas criancinhas.”

– Desculpe, mas quem é a senhora? Era a pergunta que todos se faziam.

– Senhorita, por favor. Sou Ana Letícia Cristina de Albuquerque Alvarenga, a sobrinha-neta preferida do titio “Astó”.

– E única – retrucou o filho do morto, –  já  que a prima Elidia, sua mãe, só tem você.

E nesse pequeno tumulto, ouve-se um celular desesperadamente a tocar. E todo o ambiente que permanecia atônito com a chegada da sobrinha-neta, ficou chocado com o conteúdo da conversa.

– Oi Claudinha, querida, estou enterrando meu titio amado. Ah, mais claro! Claro que vou ver o Chiclete passar amanhã. E você acha que eu sou louca de perder essa oportunidade de ver o “Marquinhos”, o “Paulinho”, “Serginho”, “Eduardo Augusto”, o “Evandro Carlos”, todos os melhores partidos de Salvador. Só vai dar eu!!!

Caderno Dez! - Jornal A Tarde 20/02/2003
*Rafael Veloso é estudante do 1° Semestre de Jornalismo da FIB (Faculdade Integrada da Bahia). Texto originalmente publicado pelo Caderno Dez!, do jornal A Tarde, em 20 de fevereiro de 2003.