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Entrevista: Roberto Nunes
Por Rafael Veloso*

 

Natural de Maceió-Al, o jornalista Roberto Nunes, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), diz que a escolha pelo jornalismo veio em decorrência da família. “Meus dois irmãos são músicos e meu pai jornalista. Sempre gostei de ler”, revela.
Já tendo passagem pelo rádio em 1992 – quando trabalhou durante um ano, na Central Brasileira de Notícias (CBN), como rádio-escuta e produtor, resolveu escolher o jornalismo impresso por considerar o “mais completo”.
Em Salvador desde 1990, Nunes trabalhou no jornal Tribuna da Bahia até 1993, no Bahia Hoje e no Correio da Bahia – onde ficou por seis anos, saindo no ano passado. “Nenhum veículo baiano é neutro”, declara.
Já passou por várias editorias, em sua carreira. Atualmente no jornal A Tarde, Roberto Nunes é repórter do caderno de veículos. “É uma novidade pra mim. Estou satisfeito por causa do desafio. Depois que comecei a trabalhar com automóveis tive que ler mais e consultar sites especializados”, comemora.
Sobre a imprensa baiana, Roberto diz que temos poucos jornais e fala sobre a reestruturação que o jornalista Ricardo Noblat, vem implementando no A Tarde, como a proposta de aumentar a jornada de trabalho de cinco horas diárias para sete horas. A média salarial no jornal é de R$ 1.200,00. Pouco superior à média das demais empresas, que é de R$ 800,00.
A partir de janeiro de 2004, os repórteres e editores de A Tarde terão que ter exclusividade ao jornal.
Sobre novas tecnologias, o jornalista diz que “novidade sempre é bom”, mas preocupa-se com a comodidade que o computador pode provocar. “Antes se apurava da fonte, hoje se apura da Internet”, sentenciou.
Questionado sobre a criação de um conselho de ética para a profissão, o jornalista se diz a favor, lembrando casos recentes de profissionais que forjaram informações. “O profissional tem de ser ético. Respeitar a notícia. A ética deve ser o anjo e a sua sombra”, filosofa. Sobre a proliferação de faculdades de comunicação, se revela temeroso sobre a absorção desses novos jornalistas pelo mercado de trabalho.
Quanto a não obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão, Nunes é contra, mas faz uma ressalva. ¿Editorias técnicas tem de ser feita por pessoas especializadas. Em quatro anos você não será um bom repórter – jornalista. Eu fiz uma universidade federal e ainda entrei verde na profissão. Para você ser aceito precisa ter um bom texto. Um jornal como o A Tarde, ninguém será selecionado porque é filhinho de um político influente”, afirma.
Em relação ao futuro profissional, revela que até tem vontade de sair do país. Aconselha os estudantes de jornalismo de que: “o dia a dia é muito bom, mas tem que ter pé no chão, apesar do ser humano viver de sonhos. Você ler sua matéria e dizer que esta legal é a certeza do papel cumprido”, orgulha-ser.

*Entrevista realizada no dia 13 de maio de 2003. Colaboraram: Beatriz Chacon, Marilia Ramos e Olavo Barbosa.

 

Repórter da Rede Globo conversa com estudantes da FIB

O jornalista Carlos Dorneles conversou com cerca de 200 estudantes de jornalismo, encerrando o ciclo de palestra da I Semana de Comunicação da Faculdade Integrada da Bahia (FIB), que começou no dia 22 de abril. Neste sábado (26), ele proferiu a palestra Deus é inocente a imprensa, não, título do seu livro, que começou a escrever após o atentado do 11 de setembro.

O título Deus é inocente, foi sugerido a editora pelo próprio repórter como Dorneles gosta de ser tratado. É uma alusão a um trecho de um artigo do escritor José Saramago, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura. A editora achava que teria que ter um subtítulo que especificasse o livro. Quando perguntado por que a imprensa não é inocente, Dorneles respondeu dizendo que: “a imprensa foi cúmplice após o 11 de setembro. Sabe-se lá onde esse acelerado do Bush, vai nos levar”, indaga-se. Acompanhe algumas perguntas feitas por estudantes presentes a palestra.

Sobre a utilização de novas tecnologia: “Os jornalistas se preocupam muito mais com as maravilhas tecnológicas, com a agilidade. Muitas vezes esses avanços tecnológicos só servem para as bobagens, que nós falamos sejam veiculadas com mais rapidez.”

A submissão da imprensa aos EUA: “Quando interessa ao governo americano, interessa a imprensa. Quando não interessa ao governo americano, não interessa a imprensa.”

Crime organizado: “O verdadeiro crime organizado acontece na zona Sul. Não há organização com quem usa uma sandália havaiana“.

A profissão: “Quer coisa mais fascinante que contar uma história.

O jornalista deve emitir opinião?Eu nunca achei que o meu sonho em fazer jornalismo fosse para dizer a minha verdade.

Sobre o jornalismo feito por Bóris Casoy: “Eu não acho que o repórter passa ser a testemunha da história.

Pontos positivo da mídia: “Fazer um trabalho que é muito bonito e te trazer a oportunidade de conversar com pessoas diferentes. Mas, não há coisa nenhuma que me orgulhe.

A entrada do capital estrangeiro nos meios de comunicação brasileiros: “Sou contra a entrada do capital estrangeiro.

Jornalismo “show”: “É aterrador. As manchetes dos jornais, são feitas através de pesquisas. Ai se o assunto interessa, será massacrado.

Enade: Jornalismo da FIB é o melhor curso do Nordeste
I Semana de Comunicação da Faculdade Integrada da Bahia

Com o tema “A gente não quer só diversão e arte, a gente quer Ética em toda parte“, tem inicio nesta terça-feira, dia 22 de abril, a I Semana de Comunicação da Faculdade Integrada da Bahia. O evento tem como objetivo proporcionar o aperfeiçoamento de estudantes e profissionais; promover debates sobre a área de comunicação na Bahia e no Brasil; proporcionar a troca de experiência entre os diversos participantes do evento; congregar os estudantes do curso de Comunicação da FIB; estreitar os laços com os cursos de Comunicação Social oferecidos em Salvador e região metropolitana.

Criado em janeiro de 2000, o curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo da Faculdade Integrada da Bahia tem buscado aliar teoria e prática visando a formação excelente de seus estudantes. A intensa produção laboratorial – jornal impresso, agência de notícias, jornal digital, assessoria de comunicação, programas de TV e rádio – tem sido um dos diferenciais do curso, ao lado de eventos que visam trazer para a faculdade a experiência de profissionais que atuam no mercado, estreitando laços e contribuindo para o aperfeiçoamento dos futuros jornalistas.

Prova disto é que o primeiro semestre letivo de 2003 da FIB começou há apenas dois meses e dois eventos já foram realizados com total êxito. O debate sobre a importância da Formação Superior e o I Seminário de Jornalismo Político lotaram o auditório da instituição, reunindo mais de 150 estudantes e dezenas de professores que puderam discutir temas de relevada importância teórica e técnica.

Estas experiências bem sucedidas credenciaram a instituição para o principal evento do semestre, a I Semana de Comunicação, a ser realizada entre os dias 22 e 26 de abril, em parceria com o curso de Publicidade e Propaganda da FIB, o Diretório Acadêmico e a Empresa Júnior de Publicidade e Propaganda da Faculdade Integrada da Bahia.

A expectativa é de que com esta atividade que, a partir de 2003, passa a integrar o calendário oficial da FIB, sejam reunidos mais de 200 estudantes por dia, o que inclui alunos tanto da instituição promotora, como aqueles oriundos dos demais cursos de Comunicação de Salvador e região metropolitana.

Hoje os cursos de Comunicação Social da FIB, que já se encontram no sétimo semestre, congregam cerca de 400 alunos – a faculdade oferece outros dez cursos, reunindo mais de 4 mil estudantes, ao todo, e quase 250 docentes.

Programação:

De 22 a 25 de abril, das 8 às 12 horas
Oficina de Webjornalismo – Atividade promovida em parceria com a Revista Imprensa e o Universo Online (UOL). Professores de São Paulo virão à Bahia especialmente para ministrar este curso que é dirigido a estudantes e profissionais.

De 22 a 25 de abril, das 14 às 18 horas
Oficina de Jornalismo em Revista – Evento promovido pelo Núcleo de Extensão e Pós-Graduação da FIB.

Dia 22 de abril, às 18:30 horas
Debate : “As complexas relações entre comunicação e política” – Abertura oficial do evento que contará com a participação do jornalista Armando Rollemberg, diretor de comunicação Senado, e Jorge Almeida, Doutor em Comunicação, professor da UFBA e membro da diretoria nacional do PT (Partido dos Trabalhadores).

Dia 23 de abril, às 18:30 horas
Debate: “Assessoria de Comunicação – mitos e verdades” – Atividade organizada pelos alunos e professores do sexto semestre do curso de Jornalismo da FIB.

Dia 24 de abril, às 18:30 horas
Manifestação em defesa da formação superior em jornalismo – Atividade organizada pelo Diretório Acadêmico em parceria com a coordenação.

Dia 26 de abril, às 10 horas – Palestra “Deus é inocente, a imprensa não”, com Carlos Dorneles. Repórter especial da Rede Globo de Televisão, atuando em programas como Globo Repórter, Jornal da Globo, Jornal Nacional, entre outros. Foi correspondente internacional e acaba de escrever o livro “Deus é inocente, a imprensa não” que será lançado em Salvador, durante o encerramento da Semana de Comunicação.

Atividades complementares:

“A guerra que a gente (não) vê” – concurso de ensaios que irá premiar o vencedor publicando seu texto no Observatório de Imprensa – o mais importante veículo de crítica de mídia do país.

Prêmio Jorge Calmon de Jornalismo – irá premiar as melhores reportagens produzidas pelos estudantes da FIB em 2002 e 2003.

Ricardo Noblat faz palestra para estudantes de jornalismo

O jornalista Ricardo Noblat faz palestra nesta quarta-feira (19/03), às 10h, no auditório da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA), para os estudantes de jornalismo da instituição. A entrada é franca e mais informações podem ser adquiridas na própria Facom, na Rua Barão de Geremoabo, s/n, Ondina, em Salvador, ou pelos telefones: (71) 263-6174 e 263-6177.

Enade: Jornalismo da FIB é o melhor curso do Nordeste
Alunos de comunicação debatem a não obrigatoriedade do diploma

Foi realizada no dia 19 de fevereiro, às 19h, no auditório da Faculdade Integrada da Bahia (FIB), no bairro do Stiep, em Salvador, Aula Magna do curso de Comunicação Social. Com o tema “Diploma. Para Quê“, compuseram a mesa como palestrantes e debatedores a jornalista licenciada, Superintendente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia (Sinjorba), assessora de imprensa da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do Sindifarma, Kardé Mourão; o jornalista e atual deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT-BA), Emiliano José; o jornalista e professor da FIB, César Augusto Oliveira; e o proprietário da agencia publicitária Dica, Arnaldo Paranhos.

Com quase uma hora de atraso, o debate se prolongou até às 21h30, sendo encerrado com as respostas dos questionamentos feitos por alguns dos 180 estudantes de Publicidade e Propaganda e Jornalismo de vários semestres da faculdade, que ali se encontravam. A palestra que gerou maior repercussão foi a da diretora do Sinjorba, tendo seu ponto máximo quando a jornalista Kardé Mourão traçou um perfil do profissional de imprensa na Bahia.

“O mercado de trabalho no estado é muito ruim. A maioria dos jornalistas tem que escolher entre comprar seu carro ou sua casa própria. Na categoria tem alcoólatras, usuários de drogas e estressados. O salário médio no jornal A Tarde é de R$ 1.200,00. O piso na Tribuna da Bahia é de R$ 500,00″, afirmou.

A sindicalista formada em jornalismo há 21 anos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), concluiu para uma plateia surpresa com a situação e o desrespeito com o profissional de comunicação na Bahia afirmando que “acabou o jornalismo romântico. O profissional tem de investir em se informar cada vez mais. A liberdade de imprensa é só da empresa. O jornalista é um funcionário assalariado”. O professor César Oliveira, carinhosamente chamado por seus alunos de “Cesinha”, aproveitou o texto do publicitário Luciano Lima Júnior, para traçar o perfil dos cliente de uma agencia publicitária.

Já o deputado estadual Emiliano José, que emocionou-se ao falar que a atual coordenadora do Curso de Jornalismo Tattiane Teixeira foi sua aluna alguns anos atras, mencionou o livro A Regra do Jogo, de autoria de Cláudio Abraão, afirmando que para ser um bom jornalista “é preciso chegar, saber ouvir, procurar, ouvir outras fontes”. E fez questão de frisar que “o jornalismo lida com a essência do poder”.

O proprietário da Agencia Dica Arnaldo Paranhos, formado em Economia pela Universidade Católica do Salvador e trabalhando com publicidade há 11 anos, fez um panorama do atual mercado publicitário na Bahia e ressaltou a importância dos estudantes se tornarem empreendedores e com criatividade criarem suas próprias agencia, dando como exemplo a fundação da Dica.

Broncas do Rafa – O Jornalismo do futuro

Falar em jornalismo do futuro é sem sombra de dúvidas falar de uma nova geração de jornalistas que estão saindo dos bancos das faculdades e sendo lançados aos leões no mercado de trabalho, mais do que nunca competitivo e que mantém ao passar do tempo, uma certa dose de conservadorismo, apesar dos inúmeros avanços tecnológicos, cada vez mais constantes, principalmente com a invasão dos computadores nas tradicionais redações.

E foi a informatização das redações que acabou criando novas funções. Essa importante ferramenta, revolucionou o jornalismo nos anos 90. Dezenas de profissionais tarimbados das grandes redes de televisão e dos principais jornais de circulação nacional migraram para o jornalismo digital. Figuras conhecidas como Lillian White Fibe e Paulo Henrique Amorim, engrossam a listas dos profissionais que, se não migraram de vez, estão em vias de trocarem seus veículos de comunicação tradicionais pela Internet.

Mas não foi só a forma de comunicação que mudou com informatização, houve uma sensível mudança na linha editorial das grandes empresas jornalísticas. Os jornais se tornaram mais leves, com textos mais claros e objetivos, priorizando o mínimo de palavras para o máximo de compreensão. Lançando mão de ilustrações mais explicativas e a utilização de gráficos. Houve uma redução no tamanho das publicações em alguns centímetros, além da criação de canais de TV brasileiras por assinatura específicos de notícias durante 24 horas por dia, como a Globo News e o Band News.

Mas infelizmente, mesmo com tantos avanços tecnológicos e com a criação dessas novas mídias, as redações cada vez mais vazias, só fazem deixar claro que o espaço para os jornalistas continua pequeno e principalmente para os recém – formados. Esses, normalmente, tratados como escravos. Acredite se puder, tem estudante de Jornalismo, aqui na Bahia, estagiando para ganhar 75% do salário mínimo. Isso sem falar na jornada de trabalho que muitas vezes ultrapassa as cinco horas estabelecidas por lei.

Essa nova geração, onde me incluo, é que tem que mudar essa visão do mercado de trabalho, de que estudante de comunicação não tem que ter um salário no mínimo digno. Devemos exigir melhores condições de trabalho, liberdade de expressão e não sermos apenas instrumentos de políticos e empresários gananciosos que não querem distinguir um profissional de um equipamento tecnológico de sua propriedade.