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"Deus lhe abençoe, Jornalista!"

Chequei do trabalho na quarta-feira e vi que minha tia (que mora na casa de baixo) estava lá em casa. Logo pensei. “Ops! Algo de errado está acontecendo”. Minha avó estava mole. Respirava pela boca, como se estivesse dormindo com os olhos abertos. Achávamos que ela tinha tido uma isquemia. É a falta de oxigenação no cérebro. Parada dos movimentos por alguns minutos ou algumas horas. Acontece com mais freqüência em pessoas idosas.

Minha mãe, que acabara de chegar do hospital onde me avó está internado em coma, estava dando o mingau de minha avó, quando tudo aconteceu. O serviço médico domiciliar foi chamada e o primeiro carro chegou rapidamente. A médica examinou minha vó e ficou em dúvida se o caso dela se tratava de um princípio de derrame ou a isquemia.

Ela já estava consciente, ou pelo menos a sua consciência normal (minha vó já tem esclerose. Fala muitas bobagens, mas ainda lembra os nomes das pessoas que convivem com ela). O médico do segundo carro – esse já uma ambulância para remoção -, repetiu os exames que a primeira médica (pulso, batimentos cardíacos, glicemia, pressão, temperatura, globo ocular). Estava tudo normal. Perguntou sobre a medicação que ela tomava. Minha mãe listou os vários remédios anti-depressivos e para dormir que minha avó toma.

O doutor, vendo que poderia ser pelo excesso de medicamentos e também a falta que meu avô está causando nela, disse-nos que deixassem em observação lá em casa mesmo. Até porque se fosse um quadro de isquemia temporário, deveria melhorar. Mas isso não aconteceu. Minha vó movia os membros, soltava o seu tradicional beijo ao ir amparada por minha mãe e pela secretária para o banho, mas estava faltando algo. A sua tradicional bênção: “Deus lhe abençoe, Jornalista!”. Assim que ela me trata, por “Jornalista”.

Ao voltar do trabalho ontem, por volta das 21h30, meu pai (um idoso também de 67 anos), me disse que minha mãe estava desde o final da tarde tentando uma vaga para minha avó no hospital particular perto lá, de casa. Fiquei com minha irmã mais velha em casa. Minha tia-avó (irmã de meu avó) ligou para saber notícias, mas até aquele momento nós não sabíamos de nada. Fui dormir e só vi minha mãe hoje pela manhã, antes de ir para a faculdade. Ela chegou em casa as duas da manhã trazida por meu irmão. Minha avó depois de uma bateria de exames (todos com resultados satisfatórios) ficou internada em observação na semi-UTI e deve ser repetido todos os exames hoje.

O mais emocionante – e quando minha mãe me contou hoje pela manhã, meus olhos encheram de lagrimas -, foi que minha avó ao ver meu irmão, levantou os bracinhos (finos), para que ele a carregasse e levasse-a de volta para casa.  Estou, rezando a Deus pela saúde de minha avó, já que meu avô foi desenganado pelos médicos. Não posso perder tantas pessoas que amo assim de uma só vez. Meu tio, meu amigo, meu avô (em coma) e agora minha avó.

Não posso permitir que minha mãe sofra com mais esse trauma. A vida não pode ser tão cruel conosco. Mas, mesmo vendo a pessoa que mais amo na vida sofrer, ainda tento encontrar forças para ajuda-la em tudo e me manter sereno nos momentos mais difíceis. E isso só esta sendo possível com o meu trabalho e a ajuda imprescindível dos meus amigos. Obrigado a todos!

“Jamais se desespere em meio às mais sombrias aflições da vida. Pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda”. (Provérbio Chinês)

Aprendendo a ser só, não! Aprendendo a lidar com as perdas!

Minha querida Marcelinha (Oliva), fez uma coisa que eu estou fazendo – ou tentando fazer – desde de 2001: ser feliz. Mas, ser feliz integralmente, sem se preocupar com o que vão falar. Afinal, como diz o Capital Inicial: “Se eu for ligar pro que vão falar não faço nada”. A vida tem de ser vivida desta forma. Como disse Jorge Amado: “Tão curta a vida!”. É realmente curta. Eu mais do que ninguém, estou tendo provas de que ela é muito efêmera.

Após a perda violenta de mais um tio (esse é o terceiro – na verdade os outros dois eram maridos de minhas tias), fico sabendo que um amigo meu – conhecido desde infância, vizinho de bairro, colega de escola, coroinha junto comigo nas missas de domingo da Igreja da Lapinha -, esta em como. Sua recuperação, que tanto comemorávamos, não foi real.

A doença, que o debilitou há seis anos voltou. Só que dessa vez com muito mais violência que anteriormente. Ele já perdeu uma visão e luta com todas as forças de um garoto de 20 e poucos anos para continuar a viver. Força de um rapaz jovem, bonito, bem relacionado, amigo, de bem com a vida, que sonhava em ser feliz com sua cura e poder constituir família. Força de alguém trabalhador. Força de um alguém especial que veio a Terra ensinar muitas coisas a humanidade.

É por tudo isso, que posto aqui o link do magistral texto de desabado de Marcelinha. Quero que esse texto sirva, pelo menos como uma reflexão, para todos que reprimem seus sentimentos. Não sei se no receio de se magoarem ou magoarem alguém querido, deixam de viver suas vidas e aprenderem muitas lições que o destino nos ensina.

Estou cada vez mais acordando para a vida e me atirando de cabeça, provando, degustando, experimentando cada nova “possibilidade” que ela me oferece, sem medo de me machucar ou quebrar a cara. Sei que se isso acontecer fará parte de um processo de crescimento e amadurecido do meu intimo.

Agradeço por meu avô

Quero agradecer a todos que me enviaram palavras de carinho e conforto e também aos que se comoveram com o pedido e doaram sangue ou que indicaram algum amigo ou parente para fazer a doação. Meu avô já foi operado e o aneurisma retirado com sucesso. Os sedativos para já foram suspensos e os médicos agora aguardam que ele acorde. A família também aguarda com ansiedade que ele tenha garra para continuar a viver e voltar logo para casa bem, apesar das sequelas.

"Quero um amor maior. Amor maior que eu"

Lendo A casa do Rio Vermelho de Zélia Gattai, fiquei pensando quando encontrarei o meu amor. A quem um dia poderei dizer estas palavras, que o nosso querido Jorge Amado testamentou em seu livro Navegação de Cabotagem e que Zélia deu-me a honra de conhecer através da contra-capa de seu livro sobre a residência dos Amado, na Rua Alogoinhas que, em breve, será transformada em Memorial Jorge Amado.

“Dá-me tua mãe de conivência, vamos viver o tempo que nos resta, tão curta a vida!, na medida de nosso desejo, no ritmo de nosso gosto simples, longe das galas, em liberdade e alegria, não somos pavões de opulência nem gênios de ocasião, feitos nas coxas dos apologias, somos apenas tu e eu. Sento-me contigo no banco de azulejos à sombra da mangueira, esperando a noite chegar para cobrir de estrelas teus cabelos, Zélia de Euá envolta no lua: dá-me tua mão, sorri o teu sorriso, me rejubilo no teu beijo, loureal e recompensa. Aqui, neste recanto do jardim, quero repousar em paz quando chegar a hora, eis meu testamento.”

Jorge Amado
em Navegação de Cabotagem, 1992.

Força e fé

Estou tão mal. Chorei hoje assim que acordei, porque vi a pessoa que eu mais amo nesse mundo – a quem eu dou a minha vida, se preciso for -, chorar. Minha mãe, lamenta o estado de saúde de meu avô. Eu entendo o seu desespero. Meu avó mora conosco há quase cinco anos e durante todo esse tempo minha mãe – filha mais velha -, vem cuidando dele e de minha avó. Todos os dois são bastante idosos, tem depressão e não se locomovem sozinhos. Eu posso parecer até frio ao dizer isso, mas acho que sua morte, traria alivio ao seu sofrimento. Meu avó tem 82 anos e está em como e com um aneurisma cerebral. Os médicos estão temerosos com a operação, pois ele está muito debilitado e anêmico. “Força e fé”, foram as palavras que Edna – minha prima, me pediu para ter sempre comigo. Rogo a Deus, que faça o melhor para meu avô!!!

O chato da turma
O chato da turma

É sempre assim. Entra ano e sai ano. Não importa se no ginásio, 2° grau, na faculdade ou no trabalho. Ele estará lá, ao seu lado. O odiado “colega chato”. Aquela “mala sem alças”, que critica todos a sua volta. Para ele, tudo o que você faz não está bom, mesmo que não consiga fazer melhor. O trabalho sempre estará faltando algo, sua apresentação não será suficientemente explicativa na opinião dele ou você não penteia o cabelo do jeito que ele acha que ficará melhor. É ele que fica ao seu lado, quando você está dirigindo, te dizendo qual o melhor caminho a seguir, mesmo que você já conheça o trajeto décor.

Não lembro o ano em que não tive que conviver com alguém assim, seja homem ou mulher. Na verdade, mulheres são naturalmente mais chatas do que os homens. Deve ser pelo fato dos hormônios se revoltarem com elas uma vez por mês.

O chato sempre se fantasia de melhor amigo e quando indagado o porquê de tantas criticas a seu respeito, sorridente e com a cara de pau, típica de quem só usa no rosto como “hidratante” óleo de peroba, diz que “são criticas construtivas!”. Construir é uma coisa, demolir é outra completamente diferente. Se bem que o engenheiro do Palace II, no Rio não sabe a diferença até hoje.

Existem várias formas de se falar algo que lhe incomoda em um amigo ou colega. Procure sempre analisar para ver como a pessoa receberá a crítica, se ela tem fundamento e se afeta outras pessoas. Porque, se você for o único atingido, como diz o dito popular “incomodados que se mudem”. E se depois dessas dicas o relacionamento com o seu (sua) colega chato(a) não melhorar reflita se não é você que está envelhecendo e ficando chato.

*Texto de Rafael Veloso, publicado originalmente no Guia Semanal de Ideias, do Caderno Dez!, do jornal A Tarde, em 4 de setembro de 2003.