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A memória de meu Tio Roque

A vida novamente me deixa frente a frente com o drama da perda. Sinto-me vazio, ao perceber dia após dia a falta que meu tio me faz, apesar de nossas rotinas. Rogo a Deus, que me dê trégua. Não aguento tantas perdas e pressões ao mesmo tempo.

Sinto falta de quem eu mais queria que estivesse ao meu lado neste momento terrível. “Queria estar ao seu lado. Te abraçar e encostar tua cabeça junto ao meu peito.” Só faltou coragem para que esse afago fosse concretizado. Tem pessoas, que aparecem em nossas vidas e não devem sair jamais. Meu amor é incondicional. Estarei ao seu lado sempre! Quando precisar de mim, sabe onde encontrar.

 

Para os erros, o PERDÃO

Para os fracassos, uma NOVA CHANCE

Para os amores impossíveis, TEMPO

(Manoel Carlos)

 

Jornal Nacional
O corre-corre do Jornal Nacional

Há 33 anos o telejornal mais antigo do Brasil só vai ao ar à noite, mas mobiliza uma equipe de jornalistas desde as 10 da manhã*

Jornal Nacional

Diariamente, mais de 40 milhões de pessoas param para assistir ao Jornal Nacional, isso virou um hábito do brasileiro. Mas o que poucos imaginam é que, para o noticiário chegar à casa do telespectador às 20h15, editores, produtores e repórteres chegam à Central Globo de Jornalismo, no Jardim Botânico, no Rio, às 9h45. “Chego cedo para me inteirar dos assuntos. Mas o Jornal Nacional começa mesmo às 10h30, com a primeira reunião de pauta, que vai discutir os principais assuntos do dia”, diz William Bonner, editor-chefe e âncora da atração desde 1996.

Ao contrário do marido, com quem divide a apresentação do jornal, Fátima Bernardes só chega à redação no início da tarde. Tudo para poder passar a manhã com os trigêmeos Laura, Vinícius e Beatriz, de 4 anos. “Meu dia é corrido, mas tento ficar com as crianças o máximo que posso”, justifica ela, já no ritmo do trabalho.

No ar desde o dia 1º de setembro de 1969, o jornalístico foi o primeiro programa da televisão brasileira a ser transmitido em rede para todo o país. Desde então, muita coisa mudou. O cenário, a abertura e os apresentadores. Mas Bonner garante que o principal compromisso de sua equipe é fazer um jornalismo com respeito. “A minha maior preocupação é fazer um jornal agradável, com notícias leves, porém, muito informativo”, garante.

Segundo o editor-chefe, o principal inimigo de sua equipe é o tempo. Tanto que Fátima e William mal conseguem conversar. “Quarta-feira costuma ser um dia difícil. Tenho apenas 23 minutos de jornal, por causa do futebol e do número de anúncios. É muito pouco. É como colocar um elefante dentro de uma caixinha bem pequena”, brinca ele.

Quem assiste aos dois narrando as notícias calmamente não tem idéia da tensão que predomina nos bastidores. “Tudo pode acontecer. Enquanto o jornal está no ar, todos ficam atentos para qualquer notícia de última hora”, diz Bonner. “Na verdade, a tensão só acaba mesmo quando damos o tradicional boa noite”, afirma ele, que não apresenta o jornal de bermuda como imagina a maioria das pessoas.

10h30 – Na primeira reunião de pauta, Bonner comunica quanto tempo o telejornal terá no dia. Em seguida, entra em contato com os escritórios de Nova York, Londres, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte para saber o que eles têm de notícias do país e do mundo.

Jornal Nacional

11h45 – Depois de listar os assuntos e o tempo de duração das matérias, William organiza no computador o “espelho” do jornal, que diz o que irá ao ar.

Jornal Nacional14h25 – Segunda reunião de pauta, dessa vez já com Fátima Bernardes presente. Eles atualizam o que entrou ou não no telejornal. Enquanto isso, repórteres em todo o Brasil estão preparando suas reportagens.

Jornal Nacional

16h20 – Fátima vai para a sala de maquiagem. Durante 45 minutos, é maquiada e penteada por Ronald Pereira. Enquanto se prepara, ela acompanha o noticiário da Globo News.

Jornal Nacional

17h05 – Maquiada, Fátima Bernardes vai para sua mesa e checa as últimas notícias pela internet para ver se algo interessa para o jornal.

Jornal Nacional

17h30 – A editora Cristina Souza Cruz edita e seleciona as principais notícias vindas das agências internacionais.

Jornal Nacional

17h45 – Última reunião antes de o JN ir ao ar. Os produtores do Rio, onde o jornal é gravado, recebem informações das matérias produzidas em outros estados. Tudo é repassado para o editor-chefe, William Bonner, e para o editor-executivo, Renato Ribeiro.
 
Jornal Nacional

17h55 – William Bonner e Renato Ribeiro fazem uma pausa para o cafezinho.

18h – Fátima faz a primeira chamada com assuntos a serem apresentados. A segunda entra no ar às 19h20 e a terceira às 189h50. A bancada do jornal possui computador e telefone para se comunicarem com a redação na hora do intervalo.

20h – É hora de gravar a escalada, aquele resumo eu aparece no início do jornal de cada assunto que irá ao ar logo mais.

Jornal Nacional20h15 – O JN entra no ar, ao vivo. Por trás das câmeras, dez operadores não podem falhar. Na sala de controle, 14 técnicos se ocupam do som e das legendas, além de ficarem atentos para uma notícia de última hora.

Jornal Nacional

*Matéria publicada na edição de número 1388, da revista “Contigo!”, em 23 de abril de 2002.
Estou voltando…

A vida está aberta para mim e eu quero mergulhar nela de cabeça. (Lázaro Ramos, ator baiano)

Olá companheiros e companheiras internautas,

Estou voltando de merecidas férias, embora não tão relaxantes como imaginei a princípio. Apesar de ter ficado um mês e meio afastado da faculdade, não pode aproveitar o recesso acadêmico, pois comecei a trabalhar no dia 07 de julho. Como diz o dita popular: “o trabalho dignifica o homem”. Estou trabalhando na Contax, um empresa do setor de contact center ligada a Telemar. De segunda à sábado, sou agente de telemarketing ativo da Oi – Operadora de telefonia móvel, das 15 às 21h. Lá vendemos planos para clientes do Rio de Janeiro e breve também para o Espirito Santo. Estou feliz, após um ano e dois meses desempregado, tenho de volta a chance de sonhar com um futuro melhor e mais próximo de minha realidade.

Sei que não será um serviço que me prenderá por muito tempo, até porque estou louco para desenvolver o que mais gosto: o jornalismo. Curioso, dois dias após começar os treinamentos na Contax, recebi uma proposta de uma rádio de Salvador, para trabalhar no horário das 16 à 0h. Só não aceitei por causa do salário e principalmente por não possuir um automóvel. Como eu sempre digo: as coisas só acontecem quando realmente é a hora. Mas a hora é você quem faz e não fica esperando acontecer!

Estou feliz novamente, após um período de turbulência, onde tudo aconteceu: maio de 2002 – desemprego; agosto de 2002 – cursinho pré-vestibular; setembro de 2002 – desilusão no amor; dezembro de 2002 – aprovação no vestibular (FIB e FJA) e um dos piores Natais da minha vida, até hoje; fevereiro de 2003 – início das aulas na faculdade; março de 2003 – nova aventura no campo amoroso; abril de 2003 – o reencontro tão esperado; maio de 2003 – FIES (Financiamento Estudantil) cancelado para o 1° semestre de 2003; junho até o dia 10 de julho – desespero de não poder continuar cursar a faculdade; 07 de julho – minha vida começa a tomar outro rumo.

Não sabia eu que aquele exame admicional iria mudar muito mais coisas na minha vida, além do que o setor profissional; 10 de julho – matrícula solucionada na faculdade; 20 de julho – a vida, com sua infinita sabedoria, traça um novo plano para mim. Na verdade, o Meu Plano: “Meu plano era deixar você fugir quando quiser / Meu plano era esperar você voltar / Engano seu achar que o plano é passageiro / Engano meu / Acho que o destino antes de nos conhecer / Fez um plano pra juntar eu e você / Pra você eu faço tudo e um pouco mais / Pra você ficar comigo e ninguém mais / Largo os compromissos / Deixo tudo ao largo / Você tenta em vão me convencer / Que é melhor não fazer planos pra você” (Lenine/Dudu Falcão).

E não seria leal de minha parte reiniciar esse semestre no meu blog sem deixar os meus leitores assíduos ou não, sem saber de nada. O cinema que galera do Sete Mundos estava programando não aconteceu. O único encontro que tivemos após o termino das aulas do semestre passado se deu devido ao trabalho, já que estão lá na Contax, também: Olavo (31 Amigo), Bia (Serviço 104), Milene (4° Semestre – Velox), Joyse (Turismo), Flora (Turismo – noturno – 31 Amigo pela manhã), Adriana (Marketing – noturno – Velox pela manhã), mais uma menina de Fisioterapia que pega ônibus comigo e eu não sei o nome.

Estou escrevendo esse texto no sábado, dia 02 de agosto e estou contando os dias para rever os colegas que não vejo a quase dois meses e conhecer os novos professores. Mas, durante esse período de férias, como já disse não pude muito descansar. Não lembro o dia que consegui acordar após as 10h da manhã. Trabalhei no diagramação do Jornal – mural Deu Zebra!. O qual, Olavo ficou responsável pela versão on line, que já esta no ar através do endereço: jornaldeuzebra.blig.com.br. É só acessar e conferir as reportagens dos 20 alunos de jornalismo da turma 2003.1 matutino da FIB.

Tratei de escrever algumas coisas que ao decorrer dessa semana que postarei em breve. São reportagens que li e achei legal passar para os colegas estudantes, resenhas de filmes que assisti e também alguns textos de desabafo. Não quero tornar esse blog meu diário, mas, em todos os meus textos estão impregnados os meus sentimentos pela vida, principalmente a dor e o amor. Enfim, toda a minha produção editorial durante esse tempo em que estivemos afastado desse nosso encontro virtual e interativo quase que diário.

Coração Teimoso

Quando há verdadeiramente Amor, a gente aprende a ceder. (Rafael Veloso)

São 0h22 de 23 de junho de 2003.

Saudade. Resquícios de um amor, que insiste em existir e persisti em movimentar meu coração, numa batida frenética, desenfreada e descompassada. Insistir em te amar é sinônimo de me machucar. Querer sofrer novamente tudo o que vivi.

Dor. Dor de não te ter ao meu lado. Você, quem eu tanto amei e que tanto mal fez ao meu coração. Aperto. Um grito abafado em minha garganta.

A eterna esperança – a inútil esperança – de ter o seu amor. De ter você em meus braços. A utopia de ter, nem que seja por alguns segundos, a confirmação do teu amor por mim. A certeza de que você sente um terço do amor que um dia eu senti. Sinto?!, não sei.

Encontrei em você a minha perdição. Escrevo. Escrevo, como se quisesse extrair essa dor que pouco a pouco dilacera meu peito. As palavras deslizam do meu coração e como uma enxurrada, se espalham pelo papel, até poucos instantes em branco.

Que poder você exerce sobre mim. Que força é essa que me prende a você. Esse amor vai acabar me matando. Amor, que corrói a minha vontade de viver. Que sentido tem a vida longe de te, longe da sua mão a me afagar, do calor do seu corpo, do gosto doce de seus lábios.

Saudades daquele beijo, que parecia sugar minh¿alma. Beijo que levou minha essência. Me sinto vazio. Saudade – palavra e sentimento que abala e destroi todas as minhas estruturas.

Tenho que lutar contra esse amor. Não quero ser masoquista e me atirar ao sofrimento de amar sozinho. Não quero voltar a acordar do nada, desesperadamente pensando em você, derramar lágrimas pela sua indiferença. Como pode ser tão insensível a ponto de propositalmente, covardemente me enganar.

Força é o que precisarei para seguir lutando contra a ferocidade desse amor. Amor, que assusta pela intensidade. Não posso mais me deixar apaixonar assim. Não posso ficar a mercê de um coração que não tenha amor para dar.

A solução para isso é aprender, mas aprender realmente, a mim amar em primeiríssimo lugar. Fácil? Não! Nada na minha vida é fácil. Mas, serei resistente. Não farei da resignação a palavra de ordem de minha vida. Não dessa vez. Não mais!

*Salvador, 0h54 de 23 de junho de 2003.

Resenha do filme Sobrou pra você
Resenha do filme Sobrou pra você
Resenha do filme Sobrou pra você
Foto: Reprodução

Abbie é uma professora de ioga, vivida por Madonna, que está vendo ir por água a baixo a possibilidade de constituir uma família com o fim do seu namoro com Kevin (Michael Vartan), técnico de um estúdio de gravação. Desesperada Abbie, pede conselhos ao seu melhor amigo, o jardineiro Robert, interpretado pelo ator Rupert Everett.

Abbie e Robert são amigos íntimos com muitas coisas em comum: jovens, têm uma visão não-convencional da vida, impulsivos, inteligentes e nem um dos dois tem sorte no amor. Eles fariam um par perfeito, se não houvesse um detalhe: Robert é gay.  Essa relação ideal de amizade vai até o dia seguinte a uma festa. Além da dor de cabeça e ressaca, eles acabaram transando, após muitos coquetéis e martinis.

Tudo bem, se esses fossem todos os problemas do mundo, mas acontece que ela fica grávida. A partir desse acontecimento, eles se transformam em pais e um novo mundo se abre para ambos e também para Sam (Malcolm Stumpf), seu filho, que decidem criar como se fossem uma família comum. Esse é o enredo do filme Sobrou pra você (The Next Best Thing). EUA, 2000, do veterano diretor John Schlesinger, exibido nesta quinta-feira, dia 19 de junho de 2003, às 22h30 pelo SBT (Sistema Brasileiro de Televisão).

As coisas dão certo, até que Abbie se interessa por um homem – Bem(Benjamin Bratt) -, e decidem se casar e ir morar longe, transformando o filme num drama que culmina com a disputa judicial pela posse da criança. O filme recebeu muitas críticas negativas, principalmente pela atuação de Madonna na película, como a do jornal americano Daily News, por exemplo: “no filme, algumas piadas, quando Madonna não as estraga, até que são engraçadas”.

As críticas resultaram até na premiação com o troféu “Framboesa de Ouro de Pior Atriz”, para a deusa do pop. O filme recebeu outras 4 indicações, nas seguintes categorias: “Pior Filme”, “Pior Diretor”, “Pior Dupla” e “Pior Roteiro”. Mas vale dar uma conferida na história, que a princípio infantil, fica interessante e polêmica, abordando uma situação pra lá de delicada.

RUPERT EVERETT começou sua carreira na Grã-Bretanha, sempre de forma conturbada. Entre os primeiros trabalhos e seu surgimento como ator sério, viveu dois anos simplesmente como gigolô. Entre muitas idas e vindas, mesclou trabalhos importantes no teatro com papéis secundários no cinema. Seus primeiros trabalhos no teatro foram as peças: Importance of Being Earnest (de Oscar Wilde), Some Fine Day. No cinema atuou em Another Country (1984), Dance With a Stranger (1985) e Hearts of Fire (1987).

Mas ele só ganhou notoriedade em Hollywood em 1997, aos 38 anos de idade. No filme O Casamento do Meu Melhor Amigo, Rupert fez o papel do amigo de todas as horas de Julia Roberts, ajudando a protagonista em seus planos mirabolantes de resgatar o homem que ela descobre amar, provocando cenas cômicas. Certamente, Everett será conhecido como o primeiro grande astro de Hollywood a ser gay assumido (openly gay, como eles chamam a toda hora, levando o ator a comentar que esse deve ser o seu nome de batismo).

MADONNA é sinônimo de escândalo, há alguns anos. Agora ela parece está comportada. Desde que lançou seu primeiro disco, não pára de chocar o mundo com suas roupas, seus cabelos – que mudam de cor a cada novo álbum – e seu comportamento sem limites. Não é à toa que essa americana dos arredores de Chicago, que aos vinte anos chegou a Nova Iorque com apenas trinta e cinco dólares no bolso, virou diva e sex simbol da comunidade GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes).

Nascida em 16 de agosto de 1958 como Maria Cicceone, Madonna, era a filha mais velha da família. Após o falecimento de sua mãe, quando tinha ainda seis anos, a cantora teve que tomar conta de seus irmãos na ausência do pai. A vida em Chicago foi-se tornando cada vez menos interessante para Madonna. No ginásio, era vista como rebelde pelas colegas da escola. No segundo grau, foi transferida para um colégio de freiras, onde a disciplina era rígida. É claro que essa solução não deu certo. Tanto que, em 1978, com apenas vinte anos, lá estava ela desembarcando em NY.

Trabalhou como garçonete em Manhattan até que conseguiu entrar para o grupo de dança de Alvin Ailey e Marta Grahan. Nessa mesma época, começou a se interessar por música e formou algumas bandas de rockpop. Daí a compor sua primeira música e perceber que faria sucesso numa carreira solo foi um pulo.

Em 1983 veio o estouro: o primeiro disco da cantora, que levava o seu nome, explode nas pistas com HolidayBordelineLucky Star. Todo esse sucesso teve a ajuda especial de um amigo DJ, que consagrou Dress you up como hit. Em 1984, sem deixar o público parar para respirar, Madonna lança Like a Virgin. E daí para frente, só sucessos e discos de platina, acompanhados por escândalos picantes e fofocas de todos os tipos.

Trilha Sonora

Madonna e Everett repetem na tela a amizade que mantêm na vida real. Foi o ator, aliás quem sugeriu à cantora que regrava-se a clássica música “American Pie”, gravada originalmente no final dos anos 70 pelo cantor country Don McLean e dedicada ao ídolo do rock Buddy Holly, morto em 1959. A música foi primeiro lugar nos EUA em 1972 e é uma das mais discutidas da história, com vários sites na internet e muitos especialistas dispostos a dissecá-la.

A canção Killing Me Soffly, cantada por Roberta Flack e mais atualmente pelo grupo Fugees, é uma homenagem a McLean e à música. O lançamento de “American Pie” na voz de Madonna foi na véspera de completar 30 anos da queda do avião nos campos de Iowa que matou Buddy Holly e Ritchie Valens (La Bamba), que no refrão McLean chama de “o dia em que a música morreu”.

American Pie (Torta Americana) era o nome do avião em que os artistas viajavam. Na versão de Madonna a música ficou com 4m30s, enquanto a original tinha 8 minutos. A canção começa com os versos originais de abertura: “Há muito, muito tempo / Eu ainda consigo me lembrar / Como aquela música me fazia sorrir / E sabia que se eu tivesse minha chance / Eu poderia fazer aquelas pessoas dançarem / E, talvez, eles fossem felizes por um momento”.

Ela interrompe a estrofe no meio e corta para a segunda metade da estrofe que fala do “livro do amor” (Bíblia), com uma adaptação: “Você acredita no rock’n roll? / Pode a música salvar a sua alma mortal?”. O famoso refrão é repetido apenas três vezes na versão dela, que conclui após a estrofe número cinco que começa com uma referência a Janis Joplin (“a garota que cantava blues”) e termina com versos que os cristãos da época não gostaram muito: “os três homens que eu mais admiro / O Pai, o filho e o Espírito Santo / pegaram o último trem para o litoral / no dia em que a música morreu / e estavam cantando…” entra o refrão.

Entrevista: Maria Tereza Gomes

“O bom jornalista deve ser empreendedor”

Por Raul Monteiro Fonseça”
É preciso sair da caixa. Perder o purismo e a suposta condição de indivíduo que está além do bem e do mal, bem longe das ondas cada vez mais agitadas do mercado. O jornalista é um profissional como qualquer outro. Precisa aliar aos pré-requisitos técnicos e morais para o exercício da atividade a preocupação com o desenvolvimento de sua carreira.

Traçar metas, corrigir rotas, estabelecer sua missão pessoal para além da missão da própria profissão não é uma exigência exclusiva de outros ramos profissionais, nem tema de pautas que dizem respeito apenas à vida de outras personagens. Para a diretora de redação da Você S.A., Maria Tereza Gomes, o jornalista precisa repensar a maneira de olhar sua atividade.

Dispor-se a encarar conceitos que pareceriam cativos à cena empresarial, como trabalho em equipe, liderança, perseverança e qualificação permanente é o mínimo que quem efetivamente gosta da atividade pode fazer para enfrentar o jogo duro que tende a se estabelecer cada vez mais nas redações, aconselha, nesta exclusiva, cujas melhores trechos reproduzimos abaixo.

Maria Tereza Gomes participou, ao lado de profissionais como o assessor de recursos humanos de A TARDE, Alberto Bocco, do “Talk show com notáveis”, evento promovido pela Santorini Cultura e Turismo, com o apoio do jornal, no Bahia Pestana Hotel.
P – A questão da especialização do jornalista, em boa medida determinada pelo surgimento das editoriais, dominou o debate acadêmico e profissional durante décadas em nossa atividade. Hoje, vimos o surgimento cada vez maior de publicações especializadas em temas ou áreas pressionando pela formação não só de especialistas, mas de profissionais jornalistas com determinados perfis. É possível dizer que estamos vendo o surgimento de um espécie de “jornalismo de mercada”, em que interesses de públicos específicos estariam sendo colocados à frente do que tradicionalmente fomos levados a entender como interesses jornalístico?

R – Eu acredito que a carreira de jornalista, assim como todas as outras, está passando por uma evolução. Estamos saindo do “jornalismo romântico” para o jornalismo profissional. Isso não acontece apenas porque os jornalistas hoje vão para as faculdades, tiram diplomas, são treinados. Ninguém mais quer ser subempregado, mal pago e ter três empregos para sobreviver. Todos querem ser bem remunerados e ter modernas ferramentas de trabalho (computadores, internet, etc). Isso acontece também porque as empresas jornalísticas estão se modernizando. A maioria hoje já tem ou está contratando executivos para tocar os negócios. Elas já aprenderam o conceito de lucro e produtividade – e cobram isso de sua equipe. Não acredito que essas mudanças estejam ferindo os princípios básicos do jornalismo. Eu trabalho na maior editora de revistas da América Latina, uma empresa altamente focada em resultados, e nossos princípios éticos continuam intocáveis. É uma das poucas empresas jornalísticas do País que não aceitam, por exemplo, convites para viagens.

P – Em “When MBAs rule the newsroom” (“Quando MBAs governam as redações”), o jornalista Doug Underwood faz severas críticas ao “jornalismo para leitor” que tem marcada a linha editorial das grandes corporações jornalísticas nos Estados Unidos. Estamos vendo nascer o mesmo tipo de jornalismo no Brasil?

R – Eu acredito que essa é uma discussão inútil. Para quem escrevemos senão para o leitor? Com certeza, eu não escrevo só para minha mãe. Eu quero que a maior quantidade possível de pessoas possam (e queiram) comprar a minha revista. É isso que a sustenta. Por outro lado , o jornalismo americano bandeou drasticamente para o que chamam de “showjornalismo” – o jornalismo que vira show. Isso já acontece em grande medida, sim, no Brasil e muito especialmente na televisão. O fato é que há uma linha tênue hoje separando o jornalismo do entretenimento. A sociedade precisa decidir o que quer.

P – O uso cada vez maior das pesquisas nas redações com o objetivo de aferir interesses ou demandas do leitor pode ser visto como a confirmação da subordinação do freling ou do faro jornalístico a técnicas avessas ao que o jornalismo sempre professou?

R – Nenhuma pesquisa irá substituir o jornalismo investigativo. Jamais. Entretanto, na medida em que os veículos passam a ser vistos como centros de resultados, as pesquisas ajudam a batizar o conteúdo, corrigir a rota editorial e, portanto, podem até salvar os veículos de serem fechados e colocar mais gente nas ruas.

P – Quais são as alterações mais perceptíveis no perfil do jornalista nos dias de hoje?

R – O jornalista está descobrindo que precisa continuar estudando. Muitos estão fazendo MBAs, especializações, mestrados e cursos rápidos. É esse o caminho. Há mais jornalistas no mercado do que empregos e quem quiser manter-se numa redação não pode se descuidar da sua formação. Quando me formei em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, em 1986, só havia esse curso em Curitiba. Hoje, já são pelo menos seis. Enquanto isso, as redações estão cada vez mais enxutas.

P – Como editora de uma revista que tem tiragem mensal de 270 mil exemplares, que provavelmente vive também às voltas com seleção de pessoal, que tipo de problemas mais freqüentes você identifica no currículo de jornalistas que eventualmente se candidatam a trabalhar na Você S.A.?

R – Na verdade, a pior maneira de tentar entrar aqui é via currículo. Até agora, ninguém foi contratado assim. O que conta mais é a indicação de quem já trabalha aqui ou de outros colegas. Não creio que isso aconteça somente conosco. Acho que é característica de nossa profissão.

P – Em que medida as dicas que normalmente são dadas para o desenvolvimento profissional de outras carreiras podem ser aplicadas também à de jornalista?

R – Todas podem ser aplicadas ao jornalista. Qualidades como trabalhar em equipe, liderança, perseverança e qualificação técnica são requeridas hoje em todas as redações.

P – Ao jornalista pode ver a ser exigido também um perfil de profissional empreendedor, que busca, além de investir na própria carreira, interferir nos destinos da organização para a qual trabalha ou isto é incompatível com a atividade jornalística?

R – Acredito que todo bom jornalista deve ter um pouco de empreendedor. Digo isso porque há características similares nos dois: pensar diferente do que os outros estão pensando, buscar alternativas, encontrar soluções inovadoras e assim por diante. Indo direto à sua pergunta, eu diria que o jornalista pode seguir em duas linhas: assumir funções executivas (editor, editor-executivo, diretor de redação) ou crescer como repórter. É uma opção de vida e de carreira. As redações já estão descobrindo que precisam manter os dois e remunerá-los igualmente. Não importa qual a escolha que o jornalista fizer – ele irá influenciar nos destinos da publicação, seja com uma gestão eficiente dos recursos existentes, seja produzindo reportagens de destaque.
P – O que diferencia um jornalista de revista e que tipo de preparo você recomendaria a quem quer trabalhar em revistas?

R – São suas redações completamente diferentes. No jornal, impera o barulho, a pressão do prazo, as notícias correm soltas. Numa revista mensal, trabalhamos até mais que num jornal (as equipes são muito enxutas), mas somos mais silenciosos e menos pressionados pelo relógio. Não temos foco no dia-a-dia das notícias. Não queremos saber quanto subiu a inflação. Queremos saber o quanto, no longo prazo, isso afetará os empregos. No final das contas, buscamos as mesmas coisas: impactar as pessoas (os leitores). Quando eu fazia Jornalismo, sonhava em um dia fazer aquela matéria que iria mudar os rumos do País. Atualmente, com o que foco, descobri que estou fazendo exatamente isso ao ajudar a melhorar a qualificação do profissional brasileiro. Com isso, nós seremos mais competitivos como Nação.

 

*Reprodução de entrevista publicada originalmente no caderno “Emprego & Mercado”, do jornal A TARDE, em 15 de dezembro de 2002.

As delícias e riscos dos programas ao vivo

BASTIDORES

Lendas e mitos rondam o cotidiano dos apresentadores de programas ao vivo. Um universo que inclui muita maquilagem, algumas gafes e muito trabalho. Confira!

Por Gil Maciel*

A luz de várias lâmpadas esquenta o lugar, o pessoal da técnica avisa sobre uma mudança de no roteiro do programa. Mudou também a marcação das câmeras, o entrevistado ainda não chegou e o tempo do programa está estourado. Em suma, a confusão não é pouca. Da bancada de apresentação, é preciso dar um sorriso tranqüilo, dizer “boa noite” e começar mais um telejornal.

Tudo bem. Nem todo dia acontecem tantos imprevistos de uma só vez, mesmo assim, vida de apresentador não é moleza. Como acumulam a função de repórter ou editor com a de apresentador, esses profissionais são obrigados a alternar estados de ânimo. Num momento têm de ser ágeis, precisos na apuração da informação. Em outro, têm que estar calmos e seguros, para, a sempre cheia de imprevistos, apresentação do programa. E há ainda a questão da aparência.

Quem vê Kátia Guzzo apresentando o BA-TV na tranqüilidade, não imagina que ela passou a tarde num corre-corre danado, escrevendo notas, apurando informações e organizando as entradas do Bahia Agora. “Eu já saio de casa com uma maquiagem mais leve, para apresentar os fleshes. Na hora do jornal, reforço com uma mais adequada às luzes do estúdio”. Por conta do trabalho Kátia não toma sol: “a pele bronzeada brilha mais. Fica mais oleosa, dificultando a aderência da maquiagem. Além disso, sol faz mal a saúde”, explica.

Quem também se preocupa com o sol é Adriana Nogueira que, além de fazer reportagens, ainda tem que estar prontinha para a apresentação do Band Cidade, a cada começo de noite. “Adoro praia, mas hoje em dia, sempre que vou coloco um bonê e filtro solar”. Por causa da maquiagem pesada Adriana conta que, ao contrário das outras garotas, prefere sair de casa de cara limpa “com rosto lavado, sem maquiagem, já que, à noite, vou receber uma carga de cosméticos”.

A preocupação com o rosto é explicável. Enquadrados sempre em plano fechado, os apresentadores têm motivos de sobra para redobrar os cuidados com o rosto. “Na apresentação da reportagem, só conto com a expressão do meu rosto e a entonação da minha voz”, explica Adriana. Quem já se deu mal com tantos cuidados com a aparência foi Marcos Murilo, repórter e apresentador do Aratu Notícias. De tanto fazer a barba diariamente, uma irritação na pele encravou um fio da barba, resultado a região infeccionou e ele acabou no Hospital Aliança por vários dias.

Kátia e Adriana optaram por usar cabelos curtos. “na bancada, qualquer fio de cabelo fora do lugar chama atenção e distrai o telespectador, o que não pode acontecer”, explica Kátia. Jóias devem ser discretas, roupas estampadas e com listras nem pensar (as listras finas viram cobrinhas animadíssimas e aí, adeus atenção ao que está sendo dito). O mínimo gesto e cada detalhe da roupa são pensados. Tudo deve ser sóbrio, ainda que descontraído, evitando que o telespectador preste mais atenção ao apresentador do que à notícia.

Há, ainda, a questão dos erros. Gaguejar ou pronunciar uma palavra errada, denota insegurança, portanto a habilidade de locução é necessária para ler sem errar, tem que ser articulada com a capacidade de improvisação. “Às vezes o roteiro muda e uma reportagem que iria entrar no terceiro bloco, entra no primeiro. É preciso mudar as páginas e as chamadas para o comercial”, diz Marcos Murilo. Nesse momento é preciso estar atento à nova seqüência de chamada das reportagens. “sempre antes de começar a apresentação, me preparo fazendo uma oração. Respiro fundo, procuro relaxar. Para que a apresentação ganhe em credibilidade”, revela.

“Tenho que ficar calma, para passar bem a informação, com espontaneidade”, completa Adriana. “Por ter um tempo muito curto, o BA-TV permite, no máximo, expressões de olhar. É preciso muita habilidade para fazer a locução sem errar”, arremata Kátia.

 

*Reportagem publicada originalmente no Revista da TV, do jornal A TARDE, em 1° de julho de 2001.