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Julho das Pretas debate ligações entre história da escravidão e literatura de mulheres negras
Julho das Pretas debate ligações entre história da escravidão e literatura de mulheres negras

Interfaces contemporâneas entre história da escravidão e literatura de mulheres negras. Esse é um dos temas que estarão em debate na programação do Julho das Pretas, nesta quarta-feira (dia 14). Participam do debate a jornalista e escritora Eliana Alves Cruz, autora do romance Água de barrela e a doutora em Teorias e Crítica da Literatura e da Cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e professora Adjunta do Instituto de Letras da UFBA, Denise Carrascosa. O evento terá mediação da doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e professora do colegiado de História da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Luciana da Cruz Brito. O debate será transmitido às 19h, pelo canal da TV UFRB no YouTube.

Este ano, o Julho das Pretas tem com o tema Para o Brasil genocida Mulheres Negras apontam a solução. A 9ª edição da ação tem como finalidade denunciar as diversas formas de genocídio da população negra e mostrar como as mulheres negras têm se organizado em todas as esferas da sociedade, apontando soluções para o país, a partir da luta antirracista, antipatriarcal e pelo bem viver. Até o dia 31 estão previstas 322 atividades em todo o Brasil, que estão sendo realizadas por grupos, coletivos, associações e instituições acadêmicas e religiosas, sempre sob o protagonismo de mulheres negras.

Ainda por conta da pandemia, as atividades do Julho das Pretas, acontecem em formato digital e podem ser conferidas no site Instituto Odara, e diariamente na página no Instagram @julho_das_pretas. Entre as diversas temáticas que serão abordadas pelas mulheres no Julho das Pretas estão temas como: participação política, violências, segurança digital, espiritualidade, protagonismo das mulheres na academia, marketing, saúde mental, empreendedorismo, dentre outros. Confira aqui a programação completa da 9ª Edição do Julho das Pretas.

Serviço:

O quê: 9ª Edição do Julho das Pretas – Debate Interfaces contemporâneas entre história da escravidão e literatura de mulheres negras

Quando: quarta-feira, dia 14 de julho, às 19h

Onde: No canal da TV UFRB no YouTube

Jornalista Ricardo Ishmael lança segundo livro infantojuvenil e já prepara outras duas publicações
Jornalista Ricardo Ishmael lança segundo livro infantojuvenil e já prepara outras duas publicações

O jornalista, apresentador de TV e escritor, Ricardo Ishmael, vai lançar seu segundo livro infantojuvenil, O Menino de Asas Invisíveis. A obra é uma das três, que Ishmael produziu neste período de distanciamento social imposto pela pandemia da Covid-19. O livro terá lançamento virtual no dia 6 de agosto (sexta-feira), às 19h, numa live no Instagram do autor (@ricardoishmael), que contará com a participação do ilustrador George Lopes e de outros convidados.

“A pandemia, se por um lado me angustiou e ainda angustia todos nós, por outro ela me inspirou para que eu pudesse escrever e refletir sobre meu lugar no mundo, sobre o meu papel enquanto contador de histórias, enquanto alguém que se propõe a narrar de forma ficcional. Meu processo criativo se deu de uma forma muito intensa durante a pandemia, criei bastante, lancei dois livros e escrevi um terceiro”, ressalta o escritor.

O Menino de Asas Invisíveis, publicação da Mojubá Editora, narra as aventuras de Hadouk, um menino negro em busca da própria história. Criado pela centenária bisavó, a “Bisa Bargé”, Hadouk viaja na imaginação até chegar à terra mãe, ao continente dos seus antepassados. “No fundo eu queria falar da ancestralidade, de como é importante estarmos conectados com as nossas origens, com nossas raízes e em sendo um menino preto eu conecto com a sua ancestralidade. Por isso, as asas invisíveis, por isso imaginar esta criança viajando na fantasia até a África e assim, reencontrando com seus antepassados, que são rainhas e reis africanos”, explica.

Novamente, Ricardo traz para seus livros temas sociais contemporâneos e presentes no universo infantojuvenil. “Além da ancestralidade, eu também queria falar de outras questões, como os muitos arranjos familiares, tanto que no livro o personagem Hadouk vive com a sua bisavó, este é núcleo familiar. Queria falar também sobre como lidar com a morte, como lidar com a perda, como tratar este assunto junto as crianças, já que em determinado momento da história Hadouk terá que enfrentar a partida da Bisa Bargé. Eu quis trazer essa reflexão para o diálogo com as crianças”, conta.

O Menino de Asas Invisíveis é o terceiro livro de Ricardo Ishmael. O primeiro foi o livro de contos O Curioso Destino de Rita Quebra-Cama, o segundo foi o também infantojuvenil A Princesa do Olhinho Preguiçoso, lançado em agosto de 2020, e que concorre como melhor livro infantojuvenil no Prêmio Jabuti, principal premiação literária do país.

Ainda este ano, Ricardo vai lançar outro livro infantojuvenil, Deu a Louca na Bicharada, também pela Mojubá Editora. Para 2022, o escritor pretende lançar o seu primeiro romance, Um Canto de Amor para Darlene, obra de ficção inspirada na história real da travesti cearense Dandara Kettley.

Ricardo Ishmael conversou comigo sobre o lançamento de O Menino de Asas Invisíveis. Contou um pouco sobre o seu processo criativo e falou sobre os próximos lançamentos já em vista. Ouça a entrevista exclusiva no podcast Destaques da Semana desta sexta-feira (dia 9)

Serviço:

O quê: Lançamento do livro O Menino de Asas Invisíveis, de Ricardo Ishmael

Quando: sexta-feira (dia 6/08), às 19h

Onde: Instagram @ricardoishmael

Vendas on-line: mojubaeditora.com.br

Loja física: Livraria Escariz – Shopping Barra

Fundador da Embraer lança livro com lições sobre empreendedorismo e inovação
Fundador da Embraer lança livro com lições sobre empreendedorismo e inovação

Fundador da Embraer, maior empresa de fabricação de aviões e jatos comerciais do Brasil, o empresário Ozires Silva acaba de lançar o livro Rotas para o Empreendedorismo. A publicação da Editora Letramento, que já está disponível para venda nas principais lojas on-line e livrarias do país, faz parte das comemorações pelos 90 anos do autor completados em 2021. Adaptação da obra original, intitulada Cartas a um Jovem Empreendedor, o livro faz uma relevante exposição sobre empreendedorismo e inovação, com segredos e virtudes para superar os desafios que definem o sucesso em qualquer empreitada e os passos necessários para criar e manter um empreendimento.

Em suas 150 páginas Rotas para o Empreendedorismo aborda ainda a trajetória profissional de Ozires Silva, presidente do Conselho Estratégico da Ânima Educação, que integra a Ages, instituição de ensino superior que reúne aproximadamente 5,6 mil alunos distribuídos em seis municípios da Bahia e Sergipe. O prefácio da obra tem assinatura de Marcelo Battistella Bueno, presidente da Ânima, uma das maiores organizações educacionais particulares do país, além de Daniel Castanho e Maurício Escobar, respectivamente presidente e Membro do Conselho de Administração da companhia. 

De acordo com Ozires Silva, Rotas para o Empreendedorismo tem o objetivo de entusiasmar e mostrar para quem já tem um negócio ou pensa em ser empreendedor que é possível vencer os desafios. “Cada um tem uma ideia de fazer algo, mas em geral não dá prosseguimento. O livro dá uma ideia completa sobre o que foi criar uma das grandes fabricantes de aviões do mundo. Através dessa obra, de leitura extremamente rápida, o leitor vai poder enxergar que empreender e inovar é difícil, mas não tanto quanto colocamos na cabeça. Por isso, minha mensagem é de que é possível desejar algo que hoje parece inatingível”, ressalta o empresário.

Ozires Silva é autor de outros cinco livros: Nas asas da educação: a trajetória da Embraer, Cartas a um jovem empreendedor – realize seu sonho: vale a pena, A decolagem de um sonho: a história da criação da Embraer e Etanol: a revolução verde e amarela. Em 2011, foi lançada sua biografia intitulada Um líder da inovação: biografia do criador da Embraer. A história de Ozires começou no dia 8 de janeiro de 1931, em Bauru, interior de São Paulo. Ele é oficial da Aeronáutica e engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), onde começou a dar os primeiros passos na aviação até chegar em 1969, quando comandou o grupo que promoveu a criação da Embraer, empresa que presidiu até 1986. O empreendedor tem passagens de sucesso como presidente de empresas como a Petrobras e foi Ministro da Infraestrutura.

Em abril de 2021, Ozires Silva se tornou o primeiro brasileiro a receber a medalha Guggenheim, uma das mais relevantes honrarias internacionais de engenharia aeronáutica do mundo. A comenda foi criada em 1929 com o objetivo de reconhecer as personalidades que dedicaram suas vidas ao desenvolvimento aeronáutico ao longo da história e por isso são notáveis no setor. A nomeação foi realizada por um conselho de especialistas do American Institute of Aeronautics and Astronautics (AIAA), American Society of Mechanical Engineers (ASME), SAE International e Vertical Flight Society, dos Estados Unidos. 

Na Ânima Educação, a Trajetória do Dr. Ozires, como é chamado, teve início em 2008, quando assumiu a reitoria da Unimonte, na cidade paulista de Santos (hoje chamada de São Judas Campus Unimonte). Ozires Silva foi o líder máximo da instituição até outubro de 2018 quando passou a ser Chanceler da Universidade São Judas, em São Paulo. Atualmente, Dr. Ozires Silva ocupa a posição de presidente do Conselho Estratégico da Ânima e é Patrono dos cursos de Engenharia e de Aviação nas instituições de ensino da organização educacional em todo país.

Escritor Laurentino Gomes lança segundo livro da trilogia sobre a escravidão
Escritor Laurentino Gomes lança segundo livro da trilogia sobre a escravidão

O jornalista e escritor Laurentino Gomes acaba de lançar o segundo livro da trilogia sobre a história da escravidão no Brasil. Em Escravidão – Da corrida do ouro em Minas Gerais até a chegada da corte de Dom João ao Brasil, obra editada pela Globo Livros, o autor se debruça sobre o século XVIII, auge do tráfico negreiro no Atlântico. Motivado principalmente pela descoberta das minas de ouro e diamantes em território brasileiro e pela disseminação, em outras regiões da América, do cultivo de cana-de-açúcar, arroz, tabaco, algodão e outras lavouras e atividades de uso intensivo de mão-de-obra africana escravizada. A publicação aborda ainda as importantes rupturas e transformações ocorridas no universo dos brancos neste período de cem anos, como a independência dos Estados Unidos, a Conjuração Mineira, a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e o nascimento do abolicionismo na Inglaterra.

“O livro anterior teve seu foco principal na África, pelo simples motivo de que, para estudar a escravidão, é preciso sempre começar pela África. Este volume tem como cenário o Brasil, que se tornaria no século XVIII o maior território escravista do hemisfério ocidental. No espaço de apenas cem anos, mais de dois milhões de homens e mulheres escravizados chegaram aos portos brasileiros. Todas as atividades do Brasil colonial dependiam do sangue e do sofrimento de negros cativos”, ressalta Laurentino. “Entre outros aspectos, procuro descrever a violência e as formas de trabalho no cativeiro, a família escrava, as irmandades e práticas religiosas, o papel das mulheres, as fugas, revoltas e formação de quilombos e outras formas de resistência contra o regime escravista”, explica o autor.

Com mais de 500 páginas e 31 capítulos ilustrados com imagens, mapas e tabelas, o segundo volume de Escravidão segue o estilo do livro anterior, com um texto jornalístico de leitura acessível e que reúne, na forma de ensaios, as observações e conclusões do autor ao longo de mais de seis anos de pesquisas. Nesse período, Laurentino Gomes debruçou-se sobre a vasta bibliografia já existente sobre o assunto e visitou centros de estudos, bibliotecas, museus e lugares históricos. O trabalho de reportagem incluiu viagens por 12 países em três continentes. Para este volume, entre outros locais, o autor esteve em quilombos nos estados da Paraíba, Alagoas, Minas Gerais e São Paulo; antigos engenhos de cana-de-açúcar da região Nordeste; terreiros de candomblé no Recôncavo Baiano; as cidades históricas do ciclo do ouro e diamante em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso; as fazendas dos barões do café no Vale do Paraíba; e o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, maior entreposto de comércio de escravos no século XIX.

“Tudo que já fomos no passado, o que somos hoje e o que seremos no futuro tem a ver com as nossas raízes africanas e a forma como nos relacionamos com elas. Fomos a maior sociedade escravista do Hemisfério Ocidental por mais de trezentos anos. Quarenta por cento de todos os doze milhões de cativos africanos trazidos para as Américas tiveram como destino o Brasil. Portanto, sem estudar a escravidão seria impossível entender o que somos hoje e também o que pretendemos ser no futuro”, afirma Laurentino Gomes. O escritor é autor dos best sellers 1808, livro sobre a fuga da corte portuguesa de dom João para o Rio de Janeiro; 1822, sobre a Independência do Brasil; e 1889, sobre a Proclamação da República, além de O caminho do peregrino, em coautoria com Osmar Luduvico da Silva.

Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, com pós-graduação em Administração pela Universidade de São Paulo, Laurentino Gomes é titular da cadeira de número 18 da Academia Paranaense de Letras e por sete vezes foi ganhador do Prêmio Jabuti de Literatura.

Editora Caramurê lança livro de contos "Histórias e histórias da Bahia"
Editora Caramurê lança livro de contos “Histórias e histórias da Bahia”

Personagens baianos reais norteiam o livro de contos Histórias e histórias da Bahia, que a editora Caramurê lança, nesta terça-feira (dia 25). A publicação tem como cenário a Bahia do século XIX e busca proporcionar ao leitor uma viagem pelos anos de 1800. Seus personagens, de modo geral, não são tão conhecidos do grande público, mas nem por isso deixam de ter sua marca reconhecida nos âmbitos artístico, econômico, político e social baiano da época.

Histórias e Histórias da Bahia é composto por oito contos, cada um tem relação com um personagem da Bahia. Com a proposta de trazer a narrativa ficcional de inspiração histórica, o livro remete o leitor a um passeio pelo tempo dos bondes de burro, dos lampiões a gás e de óleo de baleia.

Para o professor e escritor Daniel Rebouças, a obra “é uma convocação para prazerosas idas e vindas no tempo”. Para Fernando Oberlaender, editor e organizador da publicação, “trata-se de um livro que percorre o frágil limite entre ficção e realidade proporcionando ao leitor experiências inesquecíveis”.

Em o Olhar distante, Marcus Vinicius Rodrigues se debruça sobre uma fotografia, assinada por Gaensly e Lindemann para contar a visão deste último fotógrafo sobre a Salvador da época. No conto, Um certo João Ramos de Queiroz, de Carlos Ribeiro, o escritor transita entre o passado e o presente em busca de conhecer os caminhos daquele que foi um dos pioneiros no negócio de transportes urbanos de Salvador.

Agnese Trinci Murri, último amor do poeta Castro Alves, é inspiração de Mirella Márcia Longo para o conto Uma mulher como tantas. Saulo Dourado reescreve fatos que remetem a infância do médico Juliano Moreira em Todas as Luzes. Um dos maiores empreendedores do século XIX, Antônio de Lacerda, é o protagonista do conto O homem do elevador, de Suênio Campos de Lucena.

Também o mais conhecido crime passional da história da Bahia, que teve como vítima a donzela Julia Fetal, dá inspiração para o lirismo de Clarissa Macedo em O ouro da ira. A luta do jurista Luiz Gama, filho da negra Malê Luiza Mahin, pela libertação dos escravos é a inspiração para Wesley Correia em Libertário. Por fim, em Viva o Conselheiro, o escritor Aleilton Fonseca traz uma outra visão de um jornalista da época sobre a Guerra de Canudos.

O lançamento virtual de Histórias e Histórias da Bahia, da Editora Caramurê, acontece nesta terça-feira (dia 25), às 19h30, com transmissão pelo no canal do YouTube TV Caramurê. Participam do evento o organizador Fernando Oberlaender, o historiador Daniel Rebouças e os autores Aleilton Fonseca, Carlos Ribeiro, Clarissa Macedo, Marcus Vinícius Rodrigues, Mirella Márcia Longo, Saulo Dourado, Suênio Campos de Lucena e Wesley Correia. O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

Serviço:

O quê: Lançamento do livro Histórias e histórias da Bahia

Quanto: terça-feira (dia 25), às 19h30

Onde: no canal da Editora Caramurê no YouTube

Premiado escritor Franklin Carvalho lança o novo romance
Premiado escritor Franklin Carvalho lança novo romance

Eu, que não amo ninguém é o título do novo romance do premiado escritor e jornalista baiano Franklin Carvalho. A publicação apresenta o amor dos “100 Modelos de carta de amor”, o amor do romantismo tosco dos homens no seu cotidiano de brutalidade, o amor em um período especialmente conturbado da realidade nacional, os anos 1960, num dos pontos mais remotos do interior. O lançamento virtual será na próxima quinta-feira (dia 20), às 19h30, no canal do YouTube Acontece nos Livros. A publicação está em pré-venda, com 20% de desconto até o lançamento pelo site da Editora Reformatório.

Autor dos premiados Céus e terra (Romance, editora Record, 2016), e A ordem interior do mundo (editora 7 Letras, 2020), Franklin Carvalho enfoca em Eu, que não amo ninguém os vícios e as virtudes do sentimentalismo e da cordialidade brasileira. O livro narra a trajetória de João de Isidoro, homem sem eira nem beira que mora de favor no terreiro de um pai de santo no interior da Bahia.

João vê uma chance para mudar de vida quando é incumbido de levar até Francisco dos Anjos, dono de engenho na cidade do Penedo (AL), um feitiço para atrair mulheres. Na hora de entregar a encomenda, porém, ele trapaceia e repassa uma imitação, retendo o verdadeiro preparado atrativo, mas é obrigado a permanecer no engenho até que o dono das terras tenha algum sucesso no amor e comprove a eficácia da magia. Dias, meses, passam, e o convívio dos dois homens, de naturezas bem distintas, é a matéria principal do romance.

“Quando comecei a escrever, eu estava impressionado com o livro O castelo branco, de Orhan Pamuk, que fala de um mestre e um escravo na Turquia, que trocavam conhecimentos e segredos, até quase terem as suas identidades confundidas”, revela Franklin. “Quis explorar esses limites do duplo, do convívio. Mas também quis exercitar uma literatura que pudesse ser recitada, oralizada, como nas performances do escritor e ator italiano de Dario Fo, que eu lia e assistia em vídeo, admirando o seu teatro, sua gesticulação e entrega. Por isso o ‘Eu, que não amo ninguém’ é dedicado a Dario Fo”, conta.

Além dessas duas influências, a narrativa teve origem em visitas a Penedo (AL), considerada a “Ouro Preto do Nordeste” pelas suas igrejas históricas, e em pesquisas sobre a cidade, também contemplando elementos regionais e místicos, como o caboclo Jurupari, aliado de João de Isidoro. “Mas acredito que essa forma de narrar, de teatro e de circo, de rapsódia popular, é o grande motor da obra”, diz o autor. “Eu, que não amo ninguém é uma crônica dos equívocos que continuam acontecendo até hoje”, reflete Franklin.

O texto é, o tempo todo, carregado de um lirismo que os personagens dividem ao se expressarem abertamente. Nas cartas de amor, outra forma de diálogo, ressai também a expressão desatada: “Aqui o tempo se levanta todas as manhãs e se põe no fim da tarde. Nós o vemos novo, crescente, cheio e minguante e mais uma vez novo. O tempo chove, o tempo enche o São Francisco, o tempo escorre rio abaixo, o tempo carrega peixes, o tempo banha e alimenta os meninos. E há só o tempo, Jandira, o amante tem o mar inteiro de tempo pela frente. Por isso escrevo essa carta fantasma endereçada à gaveta da escrivaninha”.

Premiações

Franklin Carvalho é jornalista e autor dos livros de contos Câmara e Cadeia (2004) e O Encourado (2009). Em 2016, o seu romance Céus e Terra venceu o Prêmio Nacional de Literatura do Serviço Social do Comércio (Sesc), e em 2017, o Prêmio São Paulo de Literatura na categoria Autor Estreante com mais de 40 anos. O autor participou da comitiva brasileira na Primavera Literária Brasileira e no Salão do Livro de Paris, eventos realizados na capital francesa em 2016. Foi palestrante na Feira do Livro de Guadalajara (México – 2017) e na Festa Literária de Paraty 2018.

Em 2019, ganhou o Prêmio Nacional de Literatura da Academia de Letras da Bahia com o livro de contos A ordem interior do mundo. Em 2020, o Itaú Cultural escolheu seu conto Primeiro tu dentre os 12.982 trabalhos inscritos no edital de apoio à literatura Arte como Respiro, que teve como tema A Vida Pós-Pandemia. Tem contos publicados na Revista Gueto, na Ruído Manifesto e na Coleção Identidade, da Amazon.

Serviço:

O quê: Lançamento virtual do livro Eu, que não amo ninguém (Ed. Reformatório), de Franklin Carvalho

Quando: quinta-feira (dia 20), às 19h30

Onde: canal do YouTube Acontece nos Livros.

Projeto Substantivo Luto - Foto: Priscila Fulô
Crônicas e fotografias abordam a dor da perda no livro Substantivo Luto

Sem medo de tocar em temas delicados, as jornalistas Mônica Santana e Ana Fernanda Souza produziram uma série de crônicas a partir da própria vivência do luto entre 2020 e 2021. Também vivendo sua perda familiar, a fotógrafa Priscila Fulô registrou o cotidiano com a ausência de sua mãe. Dessa experiência de tornar comum aquilo que parece muito pessoal, as autoras criaram o projeto Substantivo Luto – Criações para recriar, que lança um e-book, reunindo as crônicas e fotografias e o site, onde o livro pode ser baixado gratuitamente.

Amigas de longa data, as criadoras perderam suas mães num espaço próximo de tempo, em meio a pandemia. Segundo Mônica Santana, Substantivo Luto nasce como uma necessidade de olhar para a experiência da perda não para ser superada, para ser esquecida, mas para ser lembrada e lida como um ponto de passagem das nossas vidas, especialmente num momento como esse. “Atravessamos uma parte dos nossos lutos, produzindo textos e imagens, fazendo do ato criativo um exercício de recriar a nós mesmas e acreditar que a arte sana dores” afirma a jornalista e dramaturga. 

“Escrever sempre foi uma forma de me entender, fui daquelas crianças e adolescentes que tinha diário. A própria escolha da profissão, jornalismo, foi feita pelo desejo de escrever. Não foi fácil escrever a respeito de um processo tão doloroso como o luto mas, ao mesmo tempo, foi mais do que necessário para lidar com tudo o que estava acontecendo”, revela Ana Fernanda Souza.

Criações para Recriar

As fotografias de Priscila Fulô descortinam os dias de ausência de sua mãe, o novo cotidiano de desfazer de objetos e espaços que eram preenchidos de sua presença, com um olhar sensível e melancólico. Segundo a fotógrafa, “a intenção era produzir imagens que trouxessem de forma íntima o luto, mas também os sentimentos novos, dúvidas simples sobre quantos pães comprar agora que minha mãe não está mais aqui? As fotografias mostram a passagem de tempo e trazem essas reflexões sobre como seguir, o que  fazer e a busca de novo sentido a partir da perda”.

O escritor e poeta Alex Simões assina o prefácio do e-book e afirma que “Ana Fernanda e Mônica nos lembram da importância dos ritos”. A primeira nos relata dois lutos, como filha, como amiga-sócia, e sendo mãe do neto que conviveu intensamente com a avó em seu final de primeira infância. A segunda nos apresenta o luto de filha que remete aos lutos da sobrinha e neta, na partilha da dor com sua irmã, Priscila Fulô, que assina os registros fotográficos presentes neste livro. As escritoras retornam às casas de suas mães/de suas infâncias no processo de cuidar (um tema tão importante e para o qual nós, sobretudo os homens, não somos e muitas vezes nem queremos ser preparados), e depois para viver e conviver com os espaços físicos repletos de memórias nada abstratas”.

Substantivo Luto será lançado pela Andarilha Edições e contou com a produção de Fabiana Marques, pela Árvore Produtora. O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal. 

Booktrailer do livro